domingo, 25 de janeiro de 2015

Depois de ter dormido 13h na noite anterior, hoje chegam as insónias... E depois dá nisto...

Há cerca de 5 anos atrás, eu era feliz. Genuinamente feliz. Sim, tinha saudades das minhas pessoas (já estava longe dos meus). Mas, apesar disso, considerava-me feliz. Tinha (e ainda tenho, felizmente) trabalho e um bom ordenado. Tinha comigo a mulher que amava na altura - namorávamos há 2 anos e já estávamos na fase de fazer planos para o futuro. Tinha (e ainda tenho, felizmente) amigos e família excepcionais. Apesar de estar longe das pessoas mais importantes da minha vida, eu sentia-me sortudo por aquilo que tinha. Às vezes chegava-me a perguntar se merecia tanto, sobretudo em relação à namorada: tinha ao meu lado uma mulher linda, daquelas que fazem babar qualquer homem; tinha ao meu lado uma das melhores pessoas que conheci em toda a minha vida; tinha ao meu lado alguém que me conhecia como ninguém; tinha ao meu lado alguém que me ensinou a amar, que me fez descobrir o meu melhor lado, que me fez perceber que o melhor que sei fazer é proteger e cuidar.

Até ao dia em que a vida me tramou... 1 de Fevereiro... O dia do fim do namoro... E o dia que marcou o início de um ciclo muito mau... O fim da relação foi complicado. E, semanas depois, descobriu-se a doença do meu afilhado, doença essa que acabou por lhe tirar a vida no final de Abril desse mesmo ano. 2010 ficou marcado como o pior ano da minha vida, a par de 2005 - por isso é que disse há uns dias que espero que este 2015 seja melhor que os últimos 2 anos múltiplos de 5...

Mas 5 anos depois, olho para a minha vida e tenho saudades de sentir aquela felicidade genuína e (quase) plena. 5 anos se passaram, e eu só sinto que estou 5 anos mais velho - mais maduro e mais crescido também, obviamente. Mas em relação à minha vida, não sinto que tenha avançado, que tenha progredido. 5 anos depois, somo mais 3 relações falhadas: a primeira claramente por minha culpa (porque ainda não tinha esquecido a tal ex); a segunda porque, olhando agora para trás, vejo que não passou de atracção e tensão sexual (de ambas as partes); a terceira porque...não interessa (como sabem, era uma pessoa conhecida da blogosfera, e como tal escuso-me de tecer comentários públicos sobre essa relação). 5 anos depois, estou descomprometido, há quase 1 ano. 5 anos depois, a vontade de ser pai continua, mas a concretização dessa vontade está cada vez mais longínqua. 5 anos se passaram e eu continuo sem ter a minha vida nos eixos em que gostaria de a ter.

Eu sei que a vida é fodida, nunca ninguém disse que era fácil. Eu sei que muitos sonhos e planos ficam pelo caminho. Eu sei que faz parte da vida termos constantemente de desencantar planos B, novos caminhos, novas soluções. Eu sei que já devia estar habituado a esta montanha-russa, porque nos últimos 12 anos a minha vida foi uma sucessão de cambalhotas. Eu sei isso tudo... Mas não deixo de me sentir algo frustrado... Sonhei uma vida diferente, ambicionava coisas diferentes. Ainda não voltei a ter uma relação que eu conseguisse considerar estável, equilibrada e com plena convicção que havia ali um futuro - a que mais se aproximou disso, em alguns momentos, foi a última. 

E, neste momento, isso é provavelmente o que mais me frustra... É sentir que no passado já tive uma relação que me preencheu por completo, sentir que no passado já consegui perceber o que preciso numa relação, mas não ter conseguido replicar minimamente aquele nível de cumplicidade e confiança. Se calhar eu e a minha ex deixámos essa fasquia num patamar demasiado elevado, não sei... Porque, e juro que isto é absolutamente verídico, tínhamos episódios de telepatia bem frequentes! Porque o conhecimento mútuo era enorme. Ao ponto de eu poder dizer que, em 27 anos de vida, não houve ninguém que me conhecesse tão bem como ela. 

Não vou negar, há dias em que tenho realmente saudades de falar com ela... Há dias em que me apetece pegar no telemóvel, ligar-lhe e dizer-lhe "caramba, já passaram 5 anos, somos adultos para conversar sobre o que ficou por falar... fazes-me falta, tenho saudades da minha melhor amiga". Tenho saudades de me sentir compreendido sem ter que abrir a boca sequer - ela percebia logo quando eu não estava bem, dizia-me logo "hoje estás nhónhó"... Tenho saudades de sentir aquele abraço sem palavras, que nos era tão característico. Tenho saudades da amizade que tivemos - do namoro já não há margem para ter saudades, a vida continuou e o meu coração deixou de bater por ela. Mas a amizade, essa continua a fazer-me falta... Mesmo quando ela era mais bruta comigo e me dava os abanões que eu precisava para abrir a pestana. Ela sabia mostrar-me onde eu estava a errar, sem me fazer sentir a pior pessoa do mundo. Ela sabia estar lá, sempre que era preciso, sem eu dizer que era preciso. Foi a primeira pessoa a quem disse que a minha avó tinha morrido, quando ainda éramos só amigos. Foi a primeira pessoa que soube de imensas coisas, e a única que soube de outras tantas. 

Ali não havia filtros, foi das amizades mais genuínas e descomplexadas que tive na vida. E tenho saudades disso... Tenho saudades de não me sentir sozinho nestas noites de insónias...

5 anos depois, a vida continuou. Mas não evoluiu. Eu continuo com a vida estagnada, à espera que os sonhos se concretizem. Luto por eles, sou um gajo obstinado e quando meto um objectivo na cabeça quero levá-lo até ao fim... Mas... Parece que nunca nada é suficiente, parece que nunca chega, parece que não há sangue, suor ou lágrimas que me ajudem a ir mais além. E isto é realmente frustrante...

4 comentários:

  1. A vida é mesmo fodida... e feita de «se's»

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  2. Rogerzito, a vida nunca está estagnada... :) Pode é não estar no ponto que desejas. A felicidade não é teres tudo, é seres feliz com o tudo que tens no momento. Com isto não estou a dizer para "estagnares", nada disso. Só estou a dizer para não baixares os braços à desilusão. Não percas a esperança. Beijinhos grandes

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    1. Eu sei, a felicidade está nos pequenos momentos. Sou o primeiro a acreditar nisso. Mas não deixo de me sentir frustrado por não ter a vida no ponto em que gostaria. Não fui feito para estagnar, não faz parte do meu feitio. Preciso de desafios, preciso de sentir a vida a andar para a frente... E não tenho sentido isso...

      Beijinho

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