Não sigo diariamente o Secret Story - Casa dos Segredos. No entanto, ao domingo é o que vejo cá em casa, com os colegas de casa e trabalho. Mas vejo mais numa onda de matar o tempo do que propriamente por interesse, porque esta edição conseguiu descer ainda mais o nível. Mas pronto, fico ali na sala, a conviver com os colegas e tal.
No entanto, há uma situação da qual me apraz falar - porque não consigo mesmo calar-me em determinadas situações. Contextualizando a coisa, para quem não conhece a história: um ex-casal de namorados entrou com um segredo conjunto, "temos uma filha em comum". Acontece que a relação acabou mal, ela ainda gosta dele mas ele anda ali na casa a flirtar com outra. Os ciúmes fizeram estoirar a bomba, surgiu uma discussão e ele acabou por revelar o segredo.
Agora que já contextualizei a história...
Homem que ofende e deixa que ofendam a mãe dos seus filhos nem merece ser chamado de Homem. Ponto. E eu não falo de cor...
Como já sabe quem me seguia no antigo blog, eu já estive perto de ser pai, aos 17 anos - não foi irresponsabilidade, os acidentes acontecem mesmo. A minha namorada da altura acabou por sofrer um aborto espontâneo, aos 6 meses de gestação, e perdemos então o nosso Tomás. A nossa relação, nessa altura, não era um mar de rosas - por minha culpa. Eu ainda tinha sentimentos por uma ex-namorada (sim, assumo que na adolescência fui um gajo emocionalmente instável). E, já a Carolina estava grávida, estivemos um tempo separados por causa dessa situação. Mas o filho era dos dois! E nunca me passou pela cabeça abandonar o meu filho ou deixar de apoiar a mãe dele. Segui atentamente a gravidez, fui a todas as consultas, fiz tudo o que um pai deve fazer. Mais tarde reatámos o namoro, cerca de uma semana antes de perdermos o nosso filho.
Eu e a Carolina acabámos em Março de 2007. Já lá vão 6 anos e meio. E NUNCA ninguém ouviu ou vai ouvir-me falar mal dela. Sim, ficou a amizade. E ficou também uma enorme admiração, um enorme carinho e um enorme respeito. E todos esses sentimentos se alargam à família dela. Eu já não estou por Coimbra há alguns anos, mas, depois de acabarmos, sempre que encontrei os pais ou a irmã da Carolina, falei-lhes com a maior naturalidade. E a Carolina também fala sempre extremamente bem à minha família. A relação acabou, a paixão também, mas ficaram sentimentos muito bonitos (para mim, o respeito é o sentimento mais bonito que se pode ter por alguém!). E acima de tudo, ficou a memória de um filho em comum. Ficou a memória dos momentos bons e ficou a memória dos momentos maus - só quem passa por isso é que imagina a dor de perder um filho. Sofremos muito, chorámos muito. E eu considero que só eu e a Carolina é que sabemos tudo o que passámos - acho que nem mesmo as nossas famílias sabem tudo o que sofremos.
Seguimos ambos caminhos diferentes. Se calhar, daqui a 20 anos até podemos já nem estar na vida um do outro, podemos não saber um do outro. Mas a Carolina será sempre a mãe do meu primeiro filho e vou ter-lhe SEMPRE o maior respeito.
Por tudo isto é que digo que não falo de cor... Não consigo conceber que um gajo enxovalhe a rapariga que, acima de sua ex-namorada, é a mãe da sua filha. Menos ainda que a mãe do gajo enxovalhe a moça, chamando-lhe perseguidora, psicopata e insinuando que a rapariga engravidou de propósito para prender o gajo. Tudo isso até podia ser verdade, tudo bem. Mas são coisas que não se dizem, há uma criança no meio porra! E muito menos se fazem estas afirmações em directo num programa em horário nobre, perante todo o país. A roupa suja lava-se em casa, sempre ouvi dizer. Os problemas resolvem-se entre quatro paredes. E, acima de tudo, devem ser resolvidos pelos pais da criança, sem a interferência de familiares, senão a miúda vai crescer num ambiente de batalha campal!
Os pais não se inscreveram no programa? Não aceitaram ter aquele segredo conjunto? Então agora aguentem-se à bomboca, mas tentem minimizar as desavenças, para bem da miúda. Não creio que a criança, daqui por uns anos, vá achar bonito ver o pai e a avó paterna a ofender a mãe. Filhos não seguram casamentos, é verdade. Mas o superior interesse da criança deve estar acima de tudo! Um filho nunca pode ser feliz se se vir a ser disputado pelos pais!