Daqui a nada, estamos a meio do ano. Daqui a nada, farei 28 anos. E este 2015 tem-me saído todo ao contrário...
Quem acompanha este blog há algum tempo, terá eventualmente reparado que, no final do ano passado e nos primeiros dias deste ano, cheguei a dizer aqui que este seria um ano revolucionário para mim. Pelo menos, era o que estava nos meus planos... Posso dizer que tinha um plano A e um plano B... O plano A passava por emigrar, por ir para fora. Sentia-me a necessitar de conhecer novos locais, novas culturas, novas pessoas, novas rotinas. Tinha algumas coisas ligeiramente apalavradas, sobretudo uma que iria fazer-me sair por completo da minha zona de conforto: iria mudar de área profissional e iria para um país cuja língua não domino (o que aprendi na escola acabou por se ir perdendo no tempo). E sair da minha zona de conforto aliciava-me... Também me assustava, é certo, mas aliciava-me... Já conseguia sentir a adrenalina a correr-me nas veias... Mas, como também é importante manter os pés bem assentes no chão para o caso das coisas correrem mal, tinha um plano B. Porque o que eu queria mesmo era dar uma volta à minha vida, meti na cabeça que, caso acabasse por ficar por aqui, iria passar a viver sozinho (ainda falei levemente sobre isso no último post de 2014). Sentia que era o passo que me faltava nesta coisa de ser adulto e de ter a minha independência. Já tenho independência financeira, já saí da minha cidade, só me faltava viver sozinho (para quem não sabe, vivo com 4 colegas).
O que não estava nos meus planos, de todo, é que 2015 fosse revolucionário, mas negativamente... Perder o meu pai foi um duro golpe. O meu pai era o meu exemplo, era das pessoas mais importantes da minha vida. Perdê-lo foi perder uma parte de mim... E mudou tudo... Neste momento, está fora de questão sair de Portugal... Estou fora da minha cidade e longe dos meus, é certo. Mas estou no meu país... A falar a minha língua, com comunicações móveis "grátis" para os meus, na rotina que já é a minha há 7 anos, ... De repente, deixou de fazer sentido sair da minha zona de conforto, porque não estou emocionalmente preparado para o fazer. E também deixou de fazer sentido ir viver sozinho agora... Porque não estou preparado para chegar a casa e ter apenas silêncio. Porque não estou preparado para estar só comigo próprio. Porque o rebuliço cá de casa tornou-se vital para mim. E, até me sentir preparado para tal, viver sozinho passa a ser mais um plano adiado.
2015 vai quase a meio e todas as ideias que eu tinha para este ano, foram por água abaixo... Pior que isso: 2015 está marcado pelo sofrimento da perda do meu pai. Tal como os dois últimos anos múltiplos de 5 já haviam ficado marcados por perdas importantes. É irónico: faço anos num dia 5, mas o número 5 (que já foi um dos meus números preferidos) tem sido uma espécie de "maldição" nos últimos 10 anos...
Estou a reinventar-me, pela milésima vez. Estou a redefinir-me, pela milésima vez. E confesso-me um pouco cansado disto tudo... Cansado de não ter um pingo de estabilidade na vida: quando parece que estou prestes a atingir o ponto de equilíbrio que procuro, lá vai tudo com o caralho outra vez... Roger ao fundo, ao estilo de batalha naval... Dizem-me que é preciso lutar, que não posso baixar os braços, que não posso desistir, que é preciso ter esperança num amanhã melhor, e todos aqueles clichés que todos conhecemos de cor e salteado. Mas porque é que, quanto mais eu luto, mais a vida teima em mandar-me abaixo sem dó nem piedade?! Dou por mim a questionar as minhas próprias convicções: sempre defendi que o esforço nunca é inglório, e agora dou por mim a perguntar "será que não é mesmo?"...
Há uma coisa que está bem assente na minha cabeça: a pouco mais de duas semanas de completar 28 anos, decidi que não vou fazer mais planos, algo que eu gostava de fazer nas duas datas que encaro como "mudança de ciclo" (aniversário e passagem-de-ano). Não vou traçar objectivos, não vou delinear metas, não me vou propor a atingir X ou Y em tal espaço de tempo. Estou cansado de ver os planos a não passarem disso mesmo... Por isso, desisto de os delinear. Vou viver ao sabor do vento, passo a passo, dia após dia. Sempre tentei ter controlo na minha vida, dentro do possível, mas a puta da vida sempre teimou em mostrar quem manda. Então agora vou pôr-me nas mãos dela... O que tiver de acontecer, que aconteça... Se não a podes vencer, junta-te a ela...