Todos os anos, o mesmo sentimento: uma imensa dor no coração, que normalmente dura o Verão todo. Ainda não me consegui habituar verdadeiramente à ideia de perder sistematicamente os concertos que mais gostaria de ver, por estar tão longe. Lembro-me que a primeira grande facada no coração foi em 2008, meses depois de ter deixado o continente... Muse, The Offspring e Linkin Park no Rock in Rio. Três das minhas bandas preferidas de sempre. A actuarem no mesmo dia. Epá, que dor... Acho que só me faltou chorar em frente à TV, a ver a transmissão pela Radical.
Esse cenário repete-se todos os anos, mais que uma vez por ano. Sou ecléctico no que toca à música, oiço de tudo um pouco. Tanto me custa perder um concerto de Jack Johnson, como me dói perder um concerto de Linkin Park, como me dói perder um concerto de Ben Harper, como me dói perder um concerto de Arctic Monkeys, e por aí fora. Sou, acima de tudo, um apreciador de música. E tendo em conta que há vários festivais e vários géneros musicais associados aos mesmos, todos os anos fica a ecoar na minha cabeça a pergunta "porque é que eu não sou rico, para conseguir ver todos os concertos que gostaria?!".
No meio disto tudo, acabo por atenuar a dor com as transmissões (via TV ou online) dos diversos festivais. Já fiz muitas noitadas e directas até a assistir aos streamings, não só de festivais nacionais como também de festivais internacionais (e quando não consigo assistir em directo, faço questão de ver depois os concertos que me interessam). Oh, bendita Internet! Claro que não é a mesma coisa... Mas sempre é melhor do que nada, certo? Entendo que algumas pessoas encarem isso como tortura. Mas hoje em dia, acho que nos podemos considerar sortudos por ter acesso tão facilitado à música em geral e aos concertos em particular. Há 20 ou 30 anos atrás, os festivais em Portugal eram escassos e com poucos nomes sonantes. Eram um nicho de mercado! Actualmente, temos muitos festivais e diversificados. E não podendo ver ao vivo, prefiro ter acesso às transmissões do que não ter nada e ficar "a chorar" por não conseguir ver como são as bandas em palco (a verdadeira qualidade de um músico vê-se em palco, defendo essa ideia).
Isto tudo para dizer que hoje e nos próximos 2 dias, vou tentar acompanhar (o máximo que me for possível, em termos de disponibilidade) o NOS Alive. Já vi um bocadinho de Young Fathers, vi James Bay, fui dando uma vista de olhos a Alt-J e irei ver Muse não tarda - e pelo meio, ainda vi a actuação de stand-up do Diogo Faro. Tenho pena que Ben Harper não tenha sido transmitido, mas nem todos os músicos autorizam a transmissão - por exemplo, ainda não há confirmação de Sheppard, Mumford & Sons e Prodigy para esta sexta-feira, nem de Disclosure e Sam Smith no sábado...
A quem se quiser juntar ao grupo "Merda, quem me dera estar lá!", sigam estes links - é só clicar para abrir:
(Nota: o concerto de Muse vai ser transmitido dentro de minutos, não só online, mas também na RTP)
EDIT (01h50) - Um grande, grande, grande concerto de Muse. Brutal! Nunca os vi ao vivo, é certo, mas já vi pelo menos uma meia dúzia de streams em directo. E o concerto de hoje entra no top! Muito power, boa interacção com o público, sempre a dar o máximo. Excelente! Posso dizer que cá em casa estávamos 4 pessoas (somos 5 cá em casa, mas um dos colegas não liga muito a Muse) a curtir ao máximo - por momentos, ainda me passou pela cabeça que algum vizinho chamasse a polícia :P o concerto só pecou, a meu ver, por ser curto... Uma banda como Muse, sendo cabeça-de-cartaz num festival... Hora e meia de concerto acho manifestamente pouco, para uma banda com 20 anos e muitos sucessos na sua caminhada... Ah, e não posso perdoar não terem tocado a "Undisclosed Desires" :P
PS - Não tem a ver com festivais, mas sim com concertos em nome próprio... A maior dor no coração que já tive a esse nível, foi em 2012... Os Blink-182 são, provavelmente, a minha banda preferida ever. Viciei neles no final dos anos 90, através do meu irmão mais velho, e foram a banda que mais marcou a minha adolescência e que me continuou a marcar depois disso. Mas, em 20 anos de carreira, nunca tinham vindo a Portugal... No início de 2012, anunciou-se que viriam tocar a Portugal, ao MEO Arena. Entrei em êxtase, e logo na semana em que os bilhetes foram postos à venda, eu tratei de comprar o meu... Mais por descargo de consciência que outra coisa: o concerto seria em Julho e as probabilidades de eu conseguir ir a Lisboa eram quase nulas... E assim foi: perdi o único concerto em Portugal da minha banda preferida...