sexta-feira, 27 de março de 2015

Sentimentos (Des)Controlados #1

Combinaram um café. Um café entre dois amigos que já não se viam há algum tempo. Há demasiado tempo. Dez minutos antes da hora marcada, já ele estava sentado na esplanada, a beber o seu fino. Passado um pouco, chega ela. Cumprimentam-se com dois beijos, ela pede o seu café e ambos começam a contar as últimas novidades das suas vidas. Parecia um simples encontro de amigos, mas eles sabiam que não era bem assim...

De repente, ela olha-o nos olhos e atira:
- Ainda sentes alguma coisa por mim?

Ele engasga-se, surpreendido com a pergunta directa e, simultaneamente, quase chateado com a promessa quebrada: tinham combinado não voltar a falar nesse assunto, em nome da amizade que os unia. E lembra-lhe isso mesmo.
- Pensei que não íamos voltar a falar sobre isso...
- Estou à espera da resposta...
- Opá, mas que raio... Porque é que perguntas?
- Continuo à espera da resposta...

Ele começa a corar. Evita encará-la de frente e fita o copo de cerveja que tem à frente. Respira fundo e responde:
- Não se esquece ninguém de um dia para o outro...
- E isso quer dizer exactamente o quê?
- Oh... Mexes comigo, sempre mexeste... O que é que queres que te diga? Não, não consigo evitar ficar nervoso quando estou contigo. Não, não consigo deixar de pensar em ti. Não, os sentimentos não mudaram. Mas as coisas são o que são e...
- As coisas mudam... - interrompe ela.
- Hã?
- Não quero ter esta conversa aqui. E estou cheia de frio. Tenho o carro estacionado na rua ao lado, anda comigo e falamos no carro.

Meio apalermado e sem saber muito bem o que esperar da conversa, ele levanta-se e segue atrás dela, até ao carro. Sente as pernas a tremer, sinal dos nervos que o dominam naquele momento. Tem a cabeça a mil e o coração a querer saltar do peito. O que é que ela terá para dizer?

(continua)

Ficção

Post agendado

2 comentários:

  1. Uma cena de tantas vidas comuns... ;) Já foi uma da minha.

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    Respostas
    1. Curiosamente, nunca foi uma cena da minha :P
      Ou era correspondido no momento e a coisa avançava, ou não era e eu acabava, mais cedo ou mais tarde, por seguir com a minha vida. Nunca tive direito à frase "as coisas mudam" :P
      Por isso é que esta é a minha primeira ficção pura e dura, sem qualquer vestígio de Roger pelo meio :P

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