quinta-feira, 21 de maio de 2015

Reflexões de um gajo cansado... (ou consequências de um dia não)

Daqui a nada, estamos a meio do ano. Daqui a nada, farei 28 anos. E este 2015 tem-me saído todo ao contrário...

Quem acompanha este blog há algum tempo, terá eventualmente reparado que, no final do ano passado e nos primeiros dias deste ano, cheguei a dizer aqui que este seria um ano revolucionário para mim. Pelo menos, era o que estava nos meus planos... Posso dizer que tinha um plano A e um plano B... O plano A passava por emigrar, por ir para fora. Sentia-me a necessitar de conhecer novos locais, novas culturas, novas pessoas, novas rotinas. Tinha algumas coisas ligeiramente apalavradas, sobretudo uma que iria fazer-me sair por completo da minha zona de conforto: iria mudar de área profissional e iria para um país cuja língua não domino (o que aprendi na escola acabou por se ir perdendo no tempo). E sair da minha zona de conforto aliciava-me... Também me assustava, é certo, mas aliciava-me... Já conseguia sentir a adrenalina a correr-me nas veias... Mas, como também é importante manter os pés bem assentes no chão para o caso das coisas correrem mal, tinha um plano B. Porque o que eu queria mesmo era dar uma volta à minha vida, meti na cabeça que, caso acabasse por ficar por aqui, iria passar a viver sozinho (ainda falei levemente sobre isso no último post de 2014). Sentia que era o passo que me faltava nesta coisa de ser adulto e de ter a minha independência. Já tenho independência financeira, já saí da minha cidade, só me faltava viver sozinho (para quem não sabe, vivo com 4 colegas).

O que não estava nos meus planos, de todo, é que 2015 fosse revolucionário, mas negativamente... Perder o meu pai foi um duro golpe. O meu pai era o meu exemplo, era das pessoas mais importantes da minha vida. Perdê-lo foi perder uma parte de mim... E mudou tudo... Neste momento, está fora de questão sair de Portugal... Estou fora da minha cidade e longe dos meus, é certo. Mas estou no meu país... A falar a minha língua, com comunicações móveis "grátis" para os meus, na rotina que já é a minha há 7 anos, ... De repente, deixou de fazer sentido sair da minha zona de conforto, porque não estou emocionalmente preparado para o fazer. E também deixou de fazer sentido ir viver sozinho agora... Porque não estou preparado para chegar a casa e ter apenas silêncio. Porque não estou preparado para estar só comigo próprio. Porque o rebuliço cá de casa tornou-se vital para mim. E, até me sentir preparado para tal, viver sozinho passa a ser mais um plano adiado.

2015 vai quase a meio e todas as ideias que eu tinha para este ano, foram por água abaixo... Pior que isso: 2015 está marcado pelo sofrimento da perda do meu pai. Tal como os dois últimos anos múltiplos de 5 já haviam ficado marcados por perdas importantes. É irónico: faço anos num dia 5, mas o número 5 (que já foi um dos meus números preferidos) tem sido uma espécie de "maldição" nos últimos 10 anos...

Estou a reinventar-me, pela milésima vez. Estou a redefinir-me, pela milésima vez. E confesso-me um pouco cansado disto tudo... Cansado de não ter um pingo de estabilidade na vida: quando parece que estou prestes a atingir o ponto de equilíbrio que procuro, lá vai tudo com o caralho outra vez... Roger ao fundo, ao estilo de batalha naval... Dizem-me que é preciso lutar, que não posso baixar os braços, que não posso desistir, que é preciso ter esperança num amanhã melhor, e todos aqueles clichés que todos conhecemos de cor e salteado. Mas porque é que, quanto mais eu luto, mais a vida teima em mandar-me abaixo sem dó nem piedade?! Dou por mim a questionar as minhas próprias convicções: sempre defendi que o esforço nunca é inglório, e agora dou por mim a perguntar "será que não é mesmo?"...

Há uma coisa que está bem assente na minha cabeça: a pouco mais de duas semanas de completar 28 anos, decidi que não vou fazer mais planos, algo que eu gostava de fazer nas duas datas que encaro como "mudança de ciclo" (aniversário e passagem-de-ano). Não vou traçar objectivos, não vou delinear metas, não me vou propor a atingir X ou Y em tal espaço de tempo. Estou cansado de ver os planos a não passarem disso mesmo... Por isso, desisto de os delinear. Vou viver ao sabor do vento, passo a passo, dia após dia. Sempre tentei ter controlo na minha vida, dentro do possível, mas a puta da vida sempre teimou em mostrar quem manda. Então agora vou pôr-me nas mãos dela... O que tiver de acontecer, que aconteça... Se não a podes vencer, junta-te a ela...

14 comentários:

  1. Cada um de nós, à sua maneira, acabará por se identificar com o que dizes.
    Acho quase impossível não se fazer planos, faz parte da vida. São os planos que fazemos, as metas que traçamos para o nosso futuro que nos ajuda a moldar o presente. Sem planos ou objetivos, como o queiramos definir, será como andar às cegas sem qualquer tipo de apoio...
    Mas também não é menos verdade que o nao cumprimento desses mesmos planos nos gera o desconforto, nos frusta a expectativas e nos deixa marcas (mais ou menos profundas) na concepção de nós mesmos.

    Porém, aquilo que estará ao nosso alcance e que poderá contribuir para um equilíbrio entre o expectável e o possível é mesmo a importância que damos a esses planos para o futuro! E porquê? Porque sabemos que existem variáveis que nunca consideramos nessa equação, a concretização desses mesmos planos também, na sua maioria, não depende exclusivamente de nós...

    Hoje talvez seja apenas um dia mau. Um dia em que sentes que perdeste o norte. Amanhã é um novo dia e porque não pensar que ainda temos mais de meio ano de 2015 para concretizar alguns planos que tinhas traçado ou simplesmente fazer uns reajustes porque tendo uma noção de onde queremos chegar será sempre mais fácil fazer caminho, contando já com a eventual necessidade de fazer alguns desvios e encontrar alguns contratempos pelo meio, mas a algum lado se hade chegar.

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    1. Sim, é verdade, há o copo meio vazio e o copo meio cheio. Mas nos dias maus, fica complicado ver o copo meio cheio.
      Ainda assim, estou decidido em me deixar levar pelo dia-a-dia. Até me reorganizar, vou andar ao sabor do vento...

      Obrigado pelas tuas palavras *

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  2. A mim faz-me um bocado confusão a vida ser um rol de objectivos atrás dos quais andamos sempre a correr... Um atrás do outro.

    Um dia de cada vez...

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    1. É a minha mania do perfeccionismo. Quero sempre alcançar mais, fazer mais, fazer melhor. Quero sempre superar-me a mim próprio. E, a nível profissional, isso é bom. Mas a nível pessoal, anda a dar-me cabo da cabeça, e portanto vou viver sem planos...

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  3. Acho que podes ter um meio termo. Ter alguns objectivos, mas não te deixares prender a eles. Viver um dia de cada vez, pensando que gostavas de conquistar isto ou aquilo, mas que se não acontecer, não é o fim do mundo. É só a vida a fazer das suas. Sei bem do que falas quando te dizes "cansado de não ter um pingo de estabilidade na vida". Mas essa estabilidade chegará. Quero acreditar mesmo nisso!

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    1. Sempre vivi muito por objectivos. Porque eram os objectivos traçados que me faziam ir mais além, que me davam alento para me levantar da cama nos dias de merda, que me iam mantendo focado. Só que, enquanto que a nível profissional dei-me bem com isso, a nível pessoal tem sido quase uma tragédia. Mas vou começar a viver um dia de cada vez, sem me preocupar com o amanhã...

      Também quero acreditar nisso... Mas há dias em que é difícil...

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  4. Eu, desde que comecei há trabalhar (pequeno ano e meio) que penso nisto quase todos os dias (mas eu tenho um mestrado em manipular o que penso ou não, pelo que lá evito pensar nisto tantas vezes): para onde vou? Vou ter espaço? Tenho de sair daqui? Vou ter dinheiro? Vou...? Vou..? Ah puts que pariu lá estas merdices todas! De maneiras que, de pessoa que pensa nisto para outra pessoa que pensa nisto, um conselho: não penses nisto em dias não. O estado de espírito influencia demasiado as nossas decisões e não deveria ser (na minha opinião). Bom, eu não tomo decisões quando estou triste ou quando estou zangada.

    Já me passou pela cabeça sair do país, trabalhar fora da minha área, mesmo assim à risco e aventura. Mas se eu moro numa cidade diferente há ano e meio, sozinha (é, lidar com o silÊncio não é fácil - mas é ótimo viver sozinha! Se bem que eu vou ao ginásio e só vou jantar e dormir a casa :P) e é-me dificil aguentar as saudades, o que faria num país que não é meu, com uma Língua que não é minha? Não consigo. Espero conseguir ter um futuro onde possa calcar outros países em visita, não em residência :)

    (e agora voltam os pensamentos: será que vou...)

    Um dia de cada vez. Sempre com pensamento positivo de que seremos sempre melhores do que somos (e estamos) agora :)

    (perdão pelo post longo)

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    1. Começo pelo fim: nada a perdoar :P eu gosto de botar faladura nos meus posts e gosto que botem faladura nos comentários ahahah :P

      Agradeço o conselho, e tens toda a razão. Mas às vezes é precisamente nos dias não que somos assaltados por estes pensamentos - foi o que aconteceu.

      Obrigado pelas tuas palavras. Um dia de cada vez :)

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    2. A minha parte pessoal e profissional gosta muito de falar e falar e falar e fal... bom :)

      verdade. É por isso que em dias não, eu vou ao ginásio. Ou vejo uma série. Faço qualquer coisa, exceto aproximar-me do computador e ver ofertas de emprego (que depois não existem e uma pessoa deprime e pondera: e agora?) e pensar no meu futuro. Sou sincera, dava tudo, tudinho, dedo da mão incluido, para saber o meu futuro. Se me disserem "espreita aqui que vais ver a tua pessoa aos 30 anos", eu espreitava na hora :P mas, como não há meio de saber, enquanto houver trabalho e felicidade, cá estamos. Quando isso falta, tenta-se outro lado. Mas sempre em dias sim :)

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    3. Então podes falar e falar e falar :P os comentários servem para isso mesmo (gosto de interacção no blog) :P

      Acho que quase toda a gente mais ou menos dentro das nossas faixas etárias (malta dos 20 e dos 30) anda assim. Este país não está para novos nem para velhos: não está para ninguém...

      Ainda assim, eu prefiro não saber o que me reserva o futuro. Acho que isso estragaria a piada da coisa e iria impedir-me de saborear os bons momentos :P

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    4. Ainda bem. Que mesmo que não me desses autorização eu ia falar na mesma :P

      verdade. Este país não está para ninguém, concordo. Mas eu quero que este país esteja para mim e para os meus. Logo, manif dos trevos no próximo dia 25?:)

      não ia porque não ias ver os momentos todos. Ias só saber "Roger, aos 30 vais estar estável economicamente, com uma namorada fantástica". Pronto. Não ias saber quem, nem onde ias trabalhar, só saberias que ias estar bem :P eu adorava! Aliás, se me dissessem "aos 26 vais continuar a trabalhar", pronto, toda eu era explosão de felicidade e ia à Escócia xD

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    5. Ainda assim, prefiro não saber o futuro :P
      Causaria demasiada ânsia. Pegando no teu exemplo, imagina que eu ia saber que aos 30 ia estar com uma namorada fantástica: instintivamente isso ia causar ansiedade de encontrar a tal, e ia acabar por ver em "todas" as mulheres uma potencial namorada :P
      Por isso, prefiro viver o dia-a-dia, mesmo com as coisas menos boas que a vida dá. Mas que fazem parte da vida..

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    6. Mas não é isso, caro Roger, que uma pessoa faz? Procura em "todas" as pessoas o potencial par made in heaven?:)


      (vamos excluir aqueles que sabemos que é só exatamente um caso de uma noite)

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    7. Depende da fase da vida, I guess... Já fui um bocado assim, ali para a adolescência. Hoje em dia, nem por isso. Acho que às vezes até me fecho mais do que devia, mas isso era uma conversa que dava pano para mangas :P

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