segunda-feira, 14 de abril de 2014

Quando olho para trás, sei que valeu a pena!

Digo muitas vezes que o meu disco externo é a minha vida convertida em GB. Isto porque guardo lá tudo o que vocês possam imaginar. O meu disco é a minha vida, o meu passado, a minha história. Estão lá as músicas que constituem a banda sonora da minha vida. Estão lá as fotos, as que contam a minha vida e as das pessoas que passaram por ela. Estão lá os textos, os que escrevi só para mim, os que escrevi para outros e os que me escreveram. Estão lá conversas. Enfim, tudo e mais alguma coisa. E só lamento ter perdido muita coisa quando outrora um antigo PC avariou e o último backup para o disco tinha sido há muitooo tempo (esse episódio serviu para aprender a lição!).

Passo semanas sem pegar no disco. E quando pego, normalmente é para ir a uma pasta específica. Ou seja, vou com uma intenção, seja para ver um filme, para ouvir uma música ou para procurar determinada foto. Há "séculos" que não me perdia a vaguear por entre os ficheiros. Aconteceu agora. Andava à procura de um ficheiro de uma treta que eu fiz há uns anos e acabei a deambular por entre coisas que eu já nem me lembrava que existiam. Fui desencantar registos do MSN de 2005, por exemplo. Fui dar com fotos da rapariga que foi a grande paixão da minha adolescência (a pancada durou-me 2 penosos anos - penosos porque fui gozado à grande, mas depois lá abri os olhos!). Fui dar com a foto de um quadro que foi pintado para mim, por uma ex-namorada, mas que acabou por nunca me ser dado. Fui dar com aquelas tretas de mails-corrente, tipo questionários. Enfim, foi um verdadeiro regresso ao passado. Basicamente, estive a revisitar os últimos 9/10 anos da minha vida.

O mais curioso é que, ao abrir certos ficheiros, consigo recordar com clareza aqueles momentos. Consigo recordar com clareza como escrevi determinados textos: o que sentia, onde estava, o que me tinha levado a escrevê-los. Consigo recordar com clareza a contextualização de certas conversas no MSN. Vi verdadeiros tesourinhos, uns mais deprimentes que outros.

Deu-me para rir, para sorrir, para chorar. Revivi momentos muito bons e muito maus. Revivi grandes amizades, umas que ainda o são, outras que apenas o foram em tempos. Revivi intensas paixões (quando somos adolescentes, vivemos como se o mundo fosse acabar amanhã). Revivi discussões feias. Revivi conversas parvas, autênticos disparates, aqueles atrofios parvos (é, sempre fui um perfeito idiota :P). Revivi murros no estômago. Revivi momentos com pessoas que, por motivos diversos, já não fazem parte da minha vida. Revivi alguns dos momentos mais felizes da minha vida. Revivi alguns dos momentos mais dolorosos da minha vida. Revivi coisas inimagináveis.

Tenho saudades de algumas das pessoas que fizeram parte da minha vida. Pessoas que, em tempos, me foram muito. Pessoas com quem, em tempos, vivi momentos de loucura. Pessoas com quem, em tempos, chorei a rir. Pessoas com quem, em tempos, simplesmente chorei. Pessoas que me ajudaram a ser o que sou hoje (porque nós somos fruto do que nos rodeia).

Tenho saudades de casa. Tenho saudades dos meus. Tenho saudades do meu espaço. Tenho saudades da minha privacidade. Tenho saudades de tudo aquilo que já foi tão meu e que agora não passa de uma memória longínqua.

Todos os capítulos da minha história, os bons e os maus, fizeram de mim aquilo que sou hoje. E é por isso que sou apegado às memórias e às recordações. Sabe bem recuar no tempo quase uma década, recordar o que vivi. Sabe bem olhar para trás e perceber que fui sempre fiel a mim próprio e àquilo em que acredito. Sabe bem poder orgulhar-me do que tem sido o meu percurso nesta vida: acima de tudo, coerente.

Amadureci. Mal seria se assim não fosse. Mas no fundo, na minha essência, sou e serei sempre o mesmo. O miúdo traquina, agitado, intenso e apaixonado. O miúdo que não sabe estar parado, que tem sempre que estar a fazer algo. O miúdo que, volta e meia, só diz disparates e põe toda a gente a gargalhar. O miúdo ingénuo que acredita em toda a gente e depois se desilude. O miúdo que se mantém fiel aos seus valores. O miúdo já não tem 16/17/18 anos, mas continua a viver intensamente e a reger-se pela sua verdade. Se voltasse atrás, faria quase tudo da mesma forma. Digo "quase" porque hoje sei que, em determinadas situações, deveria ter sido mais assertivo. Mas, olhando para trás, e esperando ainda ter muito pela frente, posso dizer que esta viagem que é a vida tem valido a pena. Pelas pessoas e pelos momentos.

15 comentários:

  1. Também tinha um disco externo assim. Mais que assim, usava-o como arquivo de todas as fotos que tiro a título 'profissional', para associações, jornais e outras coisas que me pedem, inclusive estava lá um casamento.

    Esse disco foi à vida enquanto andava a tratar das fotos do dito enlace...

    Foi-se tudo. Tudo. Tudo.

    Tudo mesmo.

    Ainda choro.

    Ainda recebo ameaças por ter perdido as fotos.

    Ainda me dói.

    Enfim...

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Autch :/
      As coisas mais importantes tenho num segundo disco ;) well, que na realidade foi o primeiro, já bem velhinho :P

      Eliminar
  2. Sabem bem recordar coisas assim tão boas! :) Valerá sempre a pena... basta fazeres o que sentes! ;) Beijinhos

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Recordei o bom e o menos bom. Mas, apesar de tudo, soube bem :)
      Beijinho

      Eliminar
  3. É tão bom recordar, sentimos uma nostalgia doutro mundo :)
    Beijinhos

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. É mesmo isso... Não queria voltar atrás, isso não, que a idiotice ficou, felizmente, na adolescência :P mas senti saudades de pessoas importantes...
      Beijinho

      Eliminar
    2. A minha também felizmente ficou pela adolescência(thank god :P) também sinto, acho que sentimos todos, conforme o tempo passa os amigos sempre ficam embora já não falemos tanto, mas nunca se esquece, como é óbvio.

      Eliminar
    3. Nem todos os amigos ficam... Há circunstâncias da vida que afastam as pessoas... Mas sim, nunca se esquece, nem as pessoas nem os momentos :)

      Eliminar
    4. Claro, também há circunstâncias que afastam as pessoas, mas antes assim do que nunca né?

      Eliminar
  4. Faz parte da vida.... o amadurecimento é bom... mas difícil :)
    Beijinhos

    ResponderEliminar
  5. É bom vasculhar o passado. Fica aquela sensação de nostalgia boa, a certeza que valeu a pena, apesar dos tropeções.
    Eu tenho pouca coisa em formato digital Digo pouca coisa em relação ao resto duma vida já longa. Mas tenho as caixas e os álbuns de fotografias em papel, tenho também o meu disco onde guardo uma pasta a que chamo "arquivo morto", mas quando a abro, sinto que há ali muita vida.
    Tenho pena de ter deitado fora os textos dos blogs que tive. Nos dois primeiros guardava tudo, mas o suporte era caro e pouco fiável. Acabei por perder tudo também num PC avariado e agora não guardo mais nada, a não ser fotos e algumas recordações em vídeo.
    A vida também é feita de passado... :)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Das coisas da minha infância, os meus pais têm tudo num baú recheado de álbuns fotográficos :)
      A nível digital, posso dizer-te que me custou verdadeiramente perder imensas coisas... Mas serviu para aprender a lição: fazer backups mais regulares :P
      E sim, é bom vasculhar o passado, é bom relembrar e reviver. Coisas boas e coisas más, somos fruto de todas elas :)

      Eliminar
  6. Vai ser sempre assim agora :p olhas para trás e ficas a pensar "como é que eu já ultrpassei tasnta coisa?" :) Tás a crescer pá xD

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. A crescer ainda mais? Qualquer dia tenho que comprar uma cama nova então ;P
      Agora fora de brincadeiras: é mesmo isso, e é por isso que sabe bem olhar para trás :)

      Eliminar

Real Time Web Analytics