quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Os ombros que se disponibilizam nos momentos difíceis...

Diz-se que é nos maus momentos que se vêem as pessoas que realmente estão connosco.
Confere.

Naquele que é, seguramente, um dos piores momentos da minha vida, há pessoas a quem nunca conseguirei agradecer convenientemente todo o apoio que me deram. Poderá ser injusto destacar algumas dessas pessoas, em detrimento de outras, mas seria ainda mais injusto não as destacar. Porque foram as minhas bengalas, de certa forma, nas últimas semanas.

Não poderia deixar de agradecer à minha malta de Peniche, pelos quilómetros feitos para dar apoio. Nomeadamente a "minha" Martinha, uma das minhas mais antigas amigas e a minha primeira namorada. Não é qualquer pessoa que faz Peniche-Lisboa de madrugada, para me esperar no aeroporto ao início da manhã, e que depois faz comigo Lisboa-Coimbra. Mais: que tira 2 dias de férias para poder estar em Coimbra comigo e com a minha família, a dar apoio.

Não poderia deixar de agradecer também à Andreia. Um exemplo de como dois ex-namorados podem ser amigos... A pessoa que, no dia do velório (portanto véspera do funeral), fez questão de dormir em minha casa, juntamente com a minha prima Sofia, para garantir que eu e a minha família descansaríamos alguma coisa.

Não poderia deixar de agradecer ao Xavi. Meu melhor amigo e irmão de todas as horas. Um dos "filhos adoptivos" (como a minha mãe costuma dizer) lá de casa. Que vai ser pai, que anda com uma vida mais que atarefada, mas que esteve sempre lá. O que me deu o primeiro abraço no velório, porque fez questão de estar lá a partir do primeiro minuto. Porque um amigo é sempre um irmão. Obrigado meu puto.

Não poderia deixar de agradecer à "minha" Carolina. Que também perdeu o pai no ano passado, e como tal sei que esta minha situação mexeu muito com ela, porque abriu mais essa ferida. Mas que, ainda assim, esteve lá e me deu um enorme apoio.

Não poderia deixar de agradecer aos meus colegas de trabalho. Aqueles que estavam comigo quando soube da notícia, que me seguraram no primeiro impacto e que me "seguraram as pontas" (porque eu nem cabeça tive para falar com chefias, só queria fazer as malas e meter-me num avião). E aqui destaco sobretudo os colegas que também são colegas de casa. Que, naquela fatídica noite, ficaram acordados comigo e que, de madrugada, me levaram ao aeroporto.

Há muitas pessoas (felizmente) que poderia destacar. Pessoas sem as quais eu sei que não teria aguentado o impacto deste choque. Inclusive vocês. Sim, vocês, bloggers. Obrigado pelos mails, pelo carinho, pela preocupação. Posso dizer inclusive que houve uma pessoa da blogosfera que até chegou a disponibilizar-se para ir ter comigo a Coimbra. Posso também dizer que houve quem disponibilizasse o número de telemóvel, se eu precisasse de algo. Obrigado, de coração. E desculpem a demora a responder aos mails, demora essa que ainda se tem verificado, mas a verdade é que só agora é que estou a conseguir voltar à escrita e à leitura, e ainda tenho muita coisa para pôr em dia.

No meio de tantas pessoas a destacar pela positiva, também infelizmente há quem, mentalmente, eu destaque pela negativa. Pessoas que me desiludiram, pessoas de quem não tive um abraço e/ou uma palavra de conforto. Pessoas que eu punha quase num pedestal. E que, num dos momentos mais duros da minha vida, posso considerar que me viraram as costas. Mas às vezes estes baldes de água fria são bons, para se abrir a pestana e para se perceber quem realmente gosta de nós e se preocupa connosco. Não preciso nem quero amigos de circunstância. Daqueles que dizem "gosto muito de ti" mas que, nos momentos chave, não o demonstram. Daqueles que só se aproximam mais por algum tipo de interesse. Enfim...

No meio disto tudo, ainda houve quem me surpreendesse pela positiva. Nomeadamente uma pessoa, que eu não via há uns 12 ou 13 anos, e que apareceu no velório. Mas isso ficará para outro post... E também houve quem não me surpreendesse, mas que eu gostava que me tivesse surpreendido... Mas isso são outros quinhentos... Mas confesso que estive quase quase a mandar uma mensagem a alguém de quem muito precisei. Não sei como não mandei e como consegui ter alguma racionalidade no meio do caos em que eu me encontrava... Aliás, até sei - bastou-me lembrar-me de quando, numa situação crítica, pedi um abraço e apoio: a resposta veio através de uma terceira pessoa, mas no dia seguinte deve ter havido arrependimento e veio o recado "deixa-me em paz". E assim foi. Até hoje.

Diz-se que é nos maus momentos que se vêem as pessoas que realmente estão connosco.
Confere. Realmente confere.

6 comentários:

  1. Fico tão feliz (mas não surpreendida) por perceber a onda de carinho que te envolveu, Roger...! Nestas alturas os abraços, físicos e virtuais, aquecem um pouco a alma. Impedem-nos de ficar no chão, sem vontade de levantar.

    Um abraço, mais um. Forte*

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    1. Tu és uma das pessoas da blogosfera a quem tenho que agradecer, pelo apoio e pela ajuda!
      Obrigado por esses abraços que aquecem a alma :)
      Abraço grande e beijinho maior *

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  2. Olá Roger, :)
    Espero que não leves a mal as minhas palavras mas é a minha opinião e a mesma pode chocar:

    Há um pouco mais de dois anos quando a minha melhor amiga teve um cancro eu por diversas vezes "agradeci" aquele momento não pela dor dela, dava o meu lugar e a minha vida por ela mas por uma razão que agora conto e tu já contaste. A razão é porque é apenas nos momentos tristes, de dor profunda, que reconhecemos os nossos amigos, caso contrário e nos bons momentos temos sempre dezenas ou centenas de amigos e quando se junta a diversão esse número tende a aumentar e por isso eu acho sempre que as pessoas revelam-se, nos momentos maus a essência das pessoas vem ao de cima.

    Apesar de este momento ser o pior da tua vida, agora sabes quem te apoia e quem está ao teu lado e mais uma vez e apesar da minha ausência sabes onde me encontrar.

    Grande abraço e muita força neste momento.

    PS: O teu querido pai está orgulhoso de ti e os teus amigos estão sempre ao teu lado.

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    1. Olá Sérgio

      Sim, sem dúvida que é nos momentos mais duros que reconhecemos quem realmente está connosco. E isso faz-nos valorizar ainda mais essas pessoas.

      Grande abraço e obrigado

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  3. Quem não está (ou esteve) é porque não é digno da tua amizade. Os bons ficam cá sempre! Mais um abraço virtual para te reconfortar!

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    1. No fundo é isso mesmo: os bons ficam cá sempre :)
      Obrigado Pequena, outro para ti, e um beijinho grande *

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