sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Relações/envolvimentos na blogosfera: o desenvolvimento do tema

Continuando o tema do post anterior...

Pela minha experiência pessoal, posso dizer que não é pêra doce manter uma relação com alguém que também é blogger. Não quando essa relação passa a ser de conhecimento público - se soubesse o que sei hoje, nunca teria assumido publicamente aquela relação. Como expliquei no post anterior, a decisão de assumir deveu-se ao facto de tentar resolver um problema, mas acho que acabou por trazer mais problemas. E, confesso, começou a condicionar certos posts. 

Até à data da revelação, não me sentia minimamente condicionado em escrever sobre e para ela. Claro que a minha ex sabia que determinados textos eram sobre ou para ela, mas isso não me condicionava: não escrevia nada que não lhe dissesse, que ela não soubesse. Até mesmo os desabafos que fazia em momentos de crise, não escrevia nada que ela não soubesse (se determinada atitude me magoasse, antes de o escrever, já ela o sabia). Comecei a sentir-me condicionado depois, quando tornámos a nossa relação pública... De repente, toda a gente sabia quem ela era... De repente, toda a gente sabia quem era a destinatária de alguns textos... De repente, dei por mim a precisar de desabafar nos momentos de crise, e não me sentia à vontade para o fazer no blog - porque toda a gente ia saber que eu e ela estávamos em crise e iriam abordar-nos nesse sentido (em público ou em privado). Foi por isso que, depois da revelação, no meu blog deixaram de existir tantos textos sobre e para ela; e quando criei o (Des)Construções aconteceu o mesmo - e passaram a existir alguns bem camuflados, em que eu sabia exactamente o que estava a escrever, mas não eram posts óbvios para quem os lesse. Agora que essa relação acabou, posso revelar um exemplo: este post (clicar para ler) é dos tais que eram escritos de forma mais camuflada.

Posso dizer que a fase mais difícil nesse aspecto foi quando essa relação acabou. Por dois motivos... Primeiro, porque eu precisava de desabafar sobre isso e não queria fazê-lo aqui, nem sequer com ninguém da blogosfera em privado. Porque se há coisa que sempre tentei foi não deixar que ninguém da blogosfera se sentisse na necessidade de "tomar partidos". Há muita gente que seguia ambos os blogs, que se dava bem com ambos, que falava com ambos em privado. E eu não queria que ninguém se sentisse no "meio" de uma "guerra" que era apenas minha e da minha ex. Hoje posso confessar que acabei, posteriormente, por desabafar com duas pessoas. O segundo motivo foi por ter de tornar público o fim da relação. Porque havia pessoas a perguntar-me por ela, a falar dela, e eu não ia conseguir fugir e contornar as coisas durante muito tempo. E depois de se assumir uma relação, acaba por fazer sentido assumir também quando ela acaba... E foi o que fiz neste post (clicar para abrir).

Depois das explicações, vou então agora responder de forma mais directa ao post do SOG:

Enquanto a relação durou, eu lia o blog dela e ela lia o meu. E comentávamos (antes da relação ser pública, comentávamos sem login nos posts mais "mimimis"). E foi algo natural. Que me lembre, nunca houve conversa sobre haver a hipótese de deixarmos de ler o blog um do outro. Como o SOG diz, e bem, se foi nesse espaço que aprendemos a admirar a outra pessoa, que sentido faria deixar de a ler? Até porque ela escrevia bem (quem a seguia, sabe disso). Aliás, eu cheguei a dizer-lhe que não gostei que ela eliminasse o primeiro blog. Podia mantê-lo em privado, tal como eu tenho meu antigo blog, sem acesso para ninguém, mas não apagar. Porque foi lá que começou a nossa história. Portanto não houve essa coisa de "eu não te leio e tu não me lês". Depois da relação acabar, ela saiu da blogosfera, portanto não a li mais - nem faria questão disso (já o disse aqui várias vezes: eu demoro muito a desligar-me de algo/alguém, mas quando o faço é sem retorno e viro bloco de gelo). Se ela me continuou a ler, não sei nem faço qualquer questão de saber. Eu podia ter saído da blogosfera, ou começar do zero com outro nick. Mas não o fiz - como alguém me disse na altura, e bem, não faria sentido eu deixar de fazer algo que gosto e de ter laços com quem gosto por causa seja de quem for! Portanto o meu blog continua aqui, eu continuo aqui, e não me faz mossa saber quem me lê ou quem não me lê - se formos por aí, há muitas ex que até me podem ler sem eu saber, o blog é público!

Falando por mim, não tive qualquer outro blog anónimo, nem durante a relação nem após o seu término. A minha essência sempre esteve aqui, com o mesmo nick, que é a minha alcunha desde sempre (Roger, diminutivo de Rogério, o meu nome). Primeiro no Pensamentos Apalavrados, depois no Divagações por uma mente complicada e agora no (Des)Construções da Mente. Mas sempre com o mesmo nome. Quanto a ela, se teve outros perfis de blogger, isso é lá com ela. Quanto a essa questão não me pronuncio, por motivos que só a mim dizem respeito.

E quanto a mudar o estilo de blog... No meu caso, não creio que tenha acontecido. A única diferença que se pode encontrar, e que julgo ser comum a qualquer blogger apaixonado (seja ou não por outro blogger), é que enquanto a relação durou existiam mais posts "mimimis". De resto, sempre abordei mais ou menos os mesmos temas, sempre tive o mesmo género de blog, sempre tive a mesma atitude perante quem me lê. A única coisa que aconteceu foi a que já referi: em determinada altura, não me sentia tão à vontade para abordar a relação, porque toda a gente sabia que éramos um casal. Mas a essência do blog não mudou por isso.

E agora vou abrir a caixa de comentários à "discussão": quem me seguia nesse tempo, o que tem a dizer sobre isto? Acham que a essência do blog alguma vez esteve diferente? Notaram diferenças (ao nível do estilo do blog) no antes e no depois? Já agora estou curioso para saber as vossas opiniões :)

Post agendado

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Introdução ao tema "relações/envolvimentos na blogosfera" :P

Como o assunto dava pano para mangas para ficar apenas num comentário, decidi abordá-lo em post.

Como muitos de vocês sabem, a minha última relação foi com uma rapariga que também era blogger. Este blog não tem muito sobre o assunto, o antigo tinha mais. Assim sendo, faço um breve resumo para os leitores mais recentes. Conheci a minha ex através da blogosfera. Descobri o blog dela, comecei a segui-la, comentário puxa comentário e poucos dias depois estávamos a trocar endereços de e-mail (pessoais - na altura ainda não tinha mail para o blog). A convivência tornou-se diária e o sentimento começou a crescer. Começámos a namorar em Setembro de 2012 e acabámos em Março de 2014. Até Junho de 2013, a relação não era pública na blogosfera. Ou seja, eu escrevia sobre e para ela, mas sem revelar que namorava com uma blogger - ela fazia o mesmo no blog dela. Portanto quem nos seguia sabia que cada um de nós era comprometido, não sabia é que éramos comprometidos um com o outro. Acabámos por tornar pública a nossa relação por causa de um ex dela, que nos stalkava: passava horas, diariamente, nos nossos blogs; deixava comentários anónimos (não era difícil perceber que era ele - por exemplo, só ele podia saber o primeiro nome da minha ex!). E então nós decidimos assumir a nossa relação, ao mesmo tempo que o desmascarávamos e o colocávamos no seu lugar. Resumo feito.

Ponto prévio antes de prosseguir: ninguém se apaixona por um blogger. Apaixona-se, isso sim, por uma pessoa que, entre outras coisas que faz na vida, também escreve num blog. Ou seja, não acredito que alguém se possa apaixonar só por aquilo que lê num blog. Quando nos apaixonamos, é pela pessoa. Pela sua essência, quando a conhecemos. O blog é apenas um meio para se começar a falar com a pessoa, tal como outros meios na net (Facebook e demais redes sociais, chat's, fóruns, etc), ou locais, ou eventos, ou qualquer sítio onde conheçamos pessoas. Como tal, acredito que a blogosfera permite descobrir pessoas. O que lemos num blog pode cativar-nos, suscitar interesse, criar identificação. Se isso acontecer, pode haver vontade de conhecer melhor a pessoa, por outras vias. E só depois é que nos podemos apaixonar. Como escrevi há uns meses, num desafio de perguntas: "O que leio num blog pode criar empatia, admiração, identificação, carinho, preocupação. Suscita interesse por gostar e/ou identificar-me com o que leio. Mas não me apaixonaria somente pelo que leio num blog. O blog seria sempre apenas o ponto de partida para conhecer melhor por vias extra-blog. Aí sim, o conhecimento através de conversas, ao invés de comentários ou leituras blogosféricas, pode levar a que se desenvolva um sentimento."

E para este post não ficar muito grande, agora que a introdução ao tema está feita, desenvolverei mais este assunto no post seguinte, que será publicado esta sexta-feira, ao meio-dia. Senão a minha fama de escrever muito começa a ser ainda maior :P

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Os ombros que se disponibilizam nos momentos difíceis...

Diz-se que é nos maus momentos que se vêem as pessoas que realmente estão connosco.
Confere.

Naquele que é, seguramente, um dos piores momentos da minha vida, há pessoas a quem nunca conseguirei agradecer convenientemente todo o apoio que me deram. Poderá ser injusto destacar algumas dessas pessoas, em detrimento de outras, mas seria ainda mais injusto não as destacar. Porque foram as minhas bengalas, de certa forma, nas últimas semanas.

Não poderia deixar de agradecer à minha malta de Peniche, pelos quilómetros feitos para dar apoio. Nomeadamente a "minha" Martinha, uma das minhas mais antigas amigas e a minha primeira namorada. Não é qualquer pessoa que faz Peniche-Lisboa de madrugada, para me esperar no aeroporto ao início da manhã, e que depois faz comigo Lisboa-Coimbra. Mais: que tira 2 dias de férias para poder estar em Coimbra comigo e com a minha família, a dar apoio.

Não poderia deixar de agradecer também à Andreia. Um exemplo de como dois ex-namorados podem ser amigos... A pessoa que, no dia do velório (portanto véspera do funeral), fez questão de dormir em minha casa, juntamente com a minha prima Sofia, para garantir que eu e a minha família descansaríamos alguma coisa.

Não poderia deixar de agradecer ao Xavi. Meu melhor amigo e irmão de todas as horas. Um dos "filhos adoptivos" (como a minha mãe costuma dizer) lá de casa. Que vai ser pai, que anda com uma vida mais que atarefada, mas que esteve sempre lá. O que me deu o primeiro abraço no velório, porque fez questão de estar lá a partir do primeiro minuto. Porque um amigo é sempre um irmão. Obrigado meu puto.

Não poderia deixar de agradecer à "minha" Carolina. Que também perdeu o pai no ano passado, e como tal sei que esta minha situação mexeu muito com ela, porque abriu mais essa ferida. Mas que, ainda assim, esteve lá e me deu um enorme apoio.

Não poderia deixar de agradecer aos meus colegas de trabalho. Aqueles que estavam comigo quando soube da notícia, que me seguraram no primeiro impacto e que me "seguraram as pontas" (porque eu nem cabeça tive para falar com chefias, só queria fazer as malas e meter-me num avião). E aqui destaco sobretudo os colegas que também são colegas de casa. Que, naquela fatídica noite, ficaram acordados comigo e que, de madrugada, me levaram ao aeroporto.

Há muitas pessoas (felizmente) que poderia destacar. Pessoas sem as quais eu sei que não teria aguentado o impacto deste choque. Inclusive vocês. Sim, vocês, bloggers. Obrigado pelos mails, pelo carinho, pela preocupação. Posso dizer inclusive que houve uma pessoa da blogosfera que até chegou a disponibilizar-se para ir ter comigo a Coimbra. Posso também dizer que houve quem disponibilizasse o número de telemóvel, se eu precisasse de algo. Obrigado, de coração. E desculpem a demora a responder aos mails, demora essa que ainda se tem verificado, mas a verdade é que só agora é que estou a conseguir voltar à escrita e à leitura, e ainda tenho muita coisa para pôr em dia.

No meio de tantas pessoas a destacar pela positiva, também infelizmente há quem, mentalmente, eu destaque pela negativa. Pessoas que me desiludiram, pessoas de quem não tive um abraço e/ou uma palavra de conforto. Pessoas que eu punha quase num pedestal. E que, num dos momentos mais duros da minha vida, posso considerar que me viraram as costas. Mas às vezes estes baldes de água fria são bons, para se abrir a pestana e para se perceber quem realmente gosta de nós e se preocupa connosco. Não preciso nem quero amigos de circunstância. Daqueles que dizem "gosto muito de ti" mas que, nos momentos chave, não o demonstram. Daqueles que só se aproximam mais por algum tipo de interesse. Enfim...

No meio disto tudo, ainda houve quem me surpreendesse pela positiva. Nomeadamente uma pessoa, que eu não via há uns 12 ou 13 anos, e que apareceu no velório. Mas isso ficará para outro post... E também houve quem não me surpreendesse, mas que eu gostava que me tivesse surpreendido... Mas isso são outros quinhentos... Mas confesso que estive quase quase a mandar uma mensagem a alguém de quem muito precisei. Não sei como não mandei e como consegui ter alguma racionalidade no meio do caos em que eu me encontrava... Aliás, até sei - bastou-me lembrar-me de quando, numa situação crítica, pedi um abraço e apoio: a resposta veio através de uma terceira pessoa, mas no dia seguinte deve ter havido arrependimento e veio o recado "deixa-me em paz". E assim foi. Até hoje.

Diz-se que é nos maus momentos que se vêem as pessoas que realmente estão connosco.
Confere. Realmente confere.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

"Don't let go, you've got the music in you (...) don't give up, you've got a reason to live"

Eu sou muito físico. Não consigo ser de outra forma. Não consigo evitar as reacções físicas causadas pelos estímulos físicos e/ou emocionais. É por isso que quando me sinto nervoso, irritado, chateado, ansioso, whatever, tenho que descarregar fisicamente essas sensações, que me causam uma espécie de corrente eléctrica a percorrer-me o corpo. Durante muitos anos, o judo foi a minha terapia nesse sentido. Era uma forma de libertar todas as tensões acumuladas. Quando deixei o judo, na adolescência, tive que arranjar outras formas de descarga. Entre outras soluções, descobri uma que me é muito útil nos dias de maior tensão: tocar bateria. Não sou baterista, apenas dou uns toques. E a vontade de aprender a tocar bateria, na adolescência, surgiu precisamente da necessidade de descarregar energia, adrenalina, picos de tensão.

Hoje foi um desses dias, carregados de tensão... Sentia-me fisicamente sobrecarregado, a precisar de libertar muitos sentimentos... Pelo que, quando acabei o trabalho, nem hesitei no que ia fazer a seguir: tocar bateria até me faltarem as forças. E assim foi... Cerca de 1 hora, ininterrupta... E a dar o máximo. Só parei quando comecei a sentir os braços a quererem ceder, a fraquejar, a ficar sem forças. Toquei "violentamente", até o corpo, a escorrer suor, começar a pedir clemência. E uma das músicas que fez parte da "setlist" do fim de tarde é a que está em excerto no título do post: "You Get What You Give", dos New Radicals (clicar para ouvir). E serviu de catarse...

É curioso que o bichinho da música surgiu na minha vida graças ao meu pai... Acho que a música corre no sangue desta família... Tenho primos e tios que já tiveram bandas (ou conjuntos, como se dizia antigamente)... E o meu próprio pai teve uma banda, na qual tocava baixo. Foi com ele (e com o meu padrinho) que aprendi a tocar guitarra, foi ele que me passou esse fascínio.

O fim de tarde de hoje trouxe-me uma certeza... É na música que vou manter o meu pai vivo, diariamente... Todos os meus momentos com a música, sejam eles privados ou públicos, terão uma dedicatória invisível ao meu pai... A partir de hoje, isto é uma certeza...

sábado, 21 de fevereiro de 2015

O primeiro verdadeiro desabafo desde a desgraça....

No final do ano passado e no início deste ano, por várias vezes referi aqui no blog que esperava que este 2015 se revelasse melhor que os meus dois últimos anos múltiplos de 5. 2005 e 2010 foram anos verdadeiramente maus. Em 2005, perdi um filho (aos 6 meses de gestação), a minha vida amorosa foi caótica e a minha avó ficou acamada e começou a caminhar para o seu fim. Em 2010, acabou a relação que mais me marcou, descobriu-se a doença do meu afilhado (tumor cerebral) e acabei por perdê-lo - e, no meio de todo este caos, entrei numa fase que denomino "fundo do poço", onde só fazia merda e se hoje estou vivo só pode ter sido por milagre... Portanto os últimos anos múltiplos de 5 não me tinham dado razões para sorrir.

Tudo o que eu pedia é que 2015 quebrasse esse ciclo. E eu tinha tantos planos bons para este ano... Tinha na minha cabeça a ideia de dar uma volta à minha vida. De tentar abraçar novos desafios profissionais. De ir viver sozinho. Entrei em 2015 com o pensamento que este seria o meu ano.

E eis que o primeiro mês de 2015 me trouxe uma das maiores dores que alguém pode sentir... Eu acho que as duas maiores dores na vida são perder filhos e perder pais... E, de repente, a minha vida dá, sim, uma volta de 180 graus...mas no sentido negativo da coisa. De repente sinto-me sem chão, perdido, desamparado... E muito, muito revoltado... Revoltado com a dureza da vida. E no meio de tudo isto, sinto-me aterrorizado... Aos 27 anos já tive muitas perdas duras, as mais duras de todas... Parece que destruo tudo em que toco... Já perdi muitas pessoas importantes, daquelas por quem se dá a vida e se sente um amor maior que tudo. Acho que nunca disse no blog, mas o meu maior medo é a solidão... É ficar sozinho na vida... É perder todas as pessoas que amo... E a vida tem sido demasiado madrasta para mim, tem-me atingido vezes demais nesse meu ponto fraco, tem-me deixado cada vez mais sozinho... Foda-se, quantas pessoas de 27 anos é que vocês conhecem que já tenham perdido 1 filho, 1 pai, 1 afilhado, 1 dos melhores amigos de infância, e 3 avós (em que tinha relações muito próximas com todos eles)?! Quantas pessoas é que vocês conhecem com tantas perdas tão violentas?! Não hei-de eu sentir-me revoltado?!

Há precisamente 1 ano atrás, escrevi neste post (clicar para abrir): "E de uma coisa tenho a certeza: se a lei da vida se aplicar (os pais partirem antes dos filhos...), sei que no dia que os perder vou perder uma grande parte de mim. Uma grande parte de mim morrerá nesse dia. Eu já lido terrivelmente com a perda, perder os meus pais então é algo que nem consigo sequer imaginar... Dói demais tentar sequer imaginar como seria a minha vida sem eles". A ideia de perder os meus pais sempre causou em mim um enorme pânico... E agora que perdi o meu pai, sinto que de facto parte de mim morreu também... É impossível ser o Roger que era... Nada mais será igual... Eu nunca mais serei igual...

Estou a tentar não cometer o mesmo erro que cometi no passado: em algumas situações, nomeadamente na perda do meu filho, não soube fazer o luto convenientemente. Porque tenho a "mania" inconsciente de tentar sempre proteger quem me rodeia, e essa acaba por ser, invariavelmente, a minha maior preocupação. Ao perder o meu pai, a minha maior preocupação foi cuidar da minha mãe e dos meus irmãos, sobretudo do mais novo. Tenho consciência que na primeira semana não fiz o luto... Chorei muito, sim, mas não estava ainda a fazer o luto. Primeiro porque estava em estado de choque, e depois porque quis (aparentar) ser forte, para proteger os meus. Acho que ainda hoje, quase 1 mês depois, não me mentalizei verdadeiramente de tudo isto... Ainda quero acreditar que isto não é real, não pode ser real... Mas tenho tentado voltar à rotina... Já voltei ao trabalho, ao quotidiano. Mas a noite é dura, sempre dura. Há quase 1 mês que não consigo dormir sem recurso a comprimidos - caso contrário, não descanso. Tudo mudou...

Não sei se algum dia vou aprender a aceitar esta perda de forma mais pacífica. Sei, isso sim, que cresce em mim a revolta por nada na minha vida correr como eu gostaria...

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

1 aninho!

Hoje é o primeiro aniversário do futuro grande quebra-corações de Coimbra e arredores. Que os genes da família são bons, já eu sabia (cof cof, olhem a modéstia, cof cof). Mas que o meu sobrinho vai rebentar a escala, não tenho dúvidas. Loiro, de olhos azuis e malandro até dizer chega, será a perdição das miúdas, aposto! (e bochechudo, como o tio Roger lol)

Está grande e está um puto bem castiço. Está naquela idade de começar a fazer gracinhas - e asneiras: há dias o meu irmão foi dar com ele sentado em cima do portátil da minha cunhada :P Mas está um desenrascado... Começou a gatinhar cedo, já diz umas palavritas... Andar é que acho que ainda vai demorar, a fralda pesa no rabo :P Mas está sempre muito atento e espevitado.

O primeiro aniversário de uma das pessoas mais importantes da minha vida...
Parabéns Santi!

PS - Aos poucos, vou tentar voltar à rotina blogosférica... Sem pressão... Mas a vida tem que continuar... E eu tenho que reagir, certo?...

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Gone Girl

Uma das grandes surpresas nos Óscares é a ausência de filmes que eram apontados à corrida, e um deles era "Gone Girl". Foi um filme muito aclamado pela crítica, há muitos meses que se falava que seria um potencial candidato. Contudo, ficou-se apenas por uma nomeação: Melhor Actriz Principal (Rosamund Pike). Que, diga-se de passagem, faz um papel brilhante (spoiler alert: de psicopata!)

A história gira à volta do casal Nick e Amy. No dia do 5º aniversário do seu casamento, Amy desaparece misteriosamente de sua casa. Rapidamente se começa a perceber que a relação de ambos não era um mar de rosas, e os comportamentos estranhos de Nick fazem com que a opinião pública, impulsionada pelos media, questione se ele teria morto a mulher.

"Gone Girl" acaba por retratar aquilo que é a comunicação social de hoje em dia. A forma como manipula a opinião pública e como pode transformar a vida de alguém num inferno... Os media têm hoje o poder de esmagar alguém, e isso vê-se ao longo do filme - e em especial no final, dada a forma como o filme acaba.

Recomendo!

"Gone Girl"
Director: David Fincher
Starring: Ben Affleck, Rosamund Pike, Neil Patrick Harris, Carrie Coon, Kim Dickens, Tyler Perry, ...
Genre: Drama, Mystery, Thriller
2014



Post agendado

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

The Theory of Everything

Mas que grande filme, digo-vos já. Este é, definitivamente, um must-see!

"The Theory of Everything" conta a história real de um dos maiores génios do nosso tempo, Stephen Hawking. Hawking é um brilhante físico teórico, que sofre de Esclerose Lateral Amiotrófica (sim, aquela doença que motivou o Ice Bucket Challenge, no Verão passado).

O filme é baseado no livro lançado pela primeira mulher de Hawking, por isso acaba por abordar mais as consequências da doença na vida familiar, do que propriamente a carreira do físico.

"The Theory of Everything" conta com 5 nomeações para os Óscares, nas seguintes categorias: Melhor Filme, Melhor Actor Principal (Eddie Redmayne), Melhor Actriz Principal (Felicity Jones), Melhor Banda Sonora e Melhor Argumento Adaptado. Ainda não tendo grande base de comparação na categoria de Melhor Actor Principal, pessoalmente quase apostava na vitória de Eddie Redmayne. Desempenha o papel na perfeição, tem uma actuação absolutamente soberba neste filme. Todo o processo de degeneração e envelhecimento está extremamente bem feito! Não sou actor, mas acredito que representar com credibilidade um papel que implique uma doença degenerativa não deve ser tarefa fácil, mas Redmayne esteve à altura!

Uma curiosidade (atenção, quem não conhecer a vida de Stephen Hawking, é favor não ler este parágrafo, porque será então considerado spoiler)... Após ter perdido a voz, Hawking utiliza tecnologia para comunicar, com uma voz robótica. No filme utilizou-se inicialmente uma voz robótica que não era a original. Mas depois do próprio Stephen Hawking ter visualizado o filme e ter ficado impressionado com o retrato fiel da sua vida, decidiu emprestar a sua "própria" voz ao filme. Pelo que a voz robótica que ouvimos em "The Theory of Everything" é realmente a original.

"The Theory of Everything"
Director: James Marsh
Starring: Eddie Redmayne, Felicity Jones, Harry Lloyd, David Thewlis, Charlie Cox, Maxine Peake, ...
Genre: Biography, Drama, Romance
2014



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domingo, 15 de fevereiro de 2015

Birdman

Este filme é tido como um dos grandes favoritos a esta edição dos Óscares. E é um dos mais nomeados. Conta com 9 nomeações, nas seguintes categorias: Melhor Filme, Melhor Realizador (Alejandro González Iñárritu), Melhor Actor Principal (Michael Keaton), Melhor Actor Secundário (Edward Norton), Melhor Actriz Secundária (Emma Stone), Melhor Fotografia, Melhor Montagem de Som, Melhor Mistura de Som e Melhor Argumento Original.

Mas pessoalmente não me convenceu muito... Vale pela crítica implícita à indústria cinematográfica e pela perfomance dos actores (Keaton então está irrepreensível). Mas, a meu ver, não é grande espingarda. Não é que seja propriamente um mau filme, mas também não me parece que valha tanto hype. É uma opinião pessoal, eu não sou nenhum crítico de cinema, mas acho o filme claramente sobrevalorizado. Não me prendeu especialmente... Tinha imensas expectativas, que acabaram por sair defraudadas...

"Birdman" conta a história de Riggan Thompson (Michael Keaton), um actor que no passado teve muito sucesso ao interpretar um super-herói. Mas a sua carreira entrou em declínio... E Riggan decide recuperar a fama e o prestígio ao dirigir uma peça na Broadway, na qual também representa. Ao longo do filme, vemos o actor a tentar recuperar não só a sua carreira, como a sua família e o seu ego.

Gosto do sarcasmo dos diálogos, da crítica ao show business e da interpretação dos actores, mas não acho que "Birdman" seja um filme brilhante, não é nenhuma obra-prima. De 1 a 10, atribuo um 7 a este filme.

"Birdman"
Director: Alejandro González Iñárritu
Starring: Michael Keaton, Emma Stone, Zack Galifianakis, Naomi Watts, Edward Norton, ...
Genre: Comedy, Drama
2014



Post agendado

sábado, 14 de fevereiro de 2015

The Grand Budapest Hotel

Mais um filme na maratona rumo aos Óscares.

"The Grand Budapest Hotel" é tido como um dos grandes favoritos, e com inteira justiça, a meu ver. É um filme delicioso! Com um charme muito próprio, digamos assim. Uma comédia inteligente, com uma abordagem muito própria mesmo. O argumento é muito bom, os diálogos são fenomenais, a história é dinâmica e cativante, e a própria realização está muito bem conseguida. E o cast é do camandro!

O filme conta as aventuras de Gustave H., um funcionário conceituado de um famoso hotel europeu, e de Zero, o seu fiel paquete. A narrativa mete suspense, crime, fuga, relações humanas, tudo... Tudo com um toque muito pessoal e com apontamentos de humor muito "out of the box" para o que é habitual nas comédias nos dias que correm.

"The Grand Budapest Hotel" está nomeado para as seguintes categorias: Melhor Filme, Melhor Realizador (Wes Anderson), Melhor Guarda-Roupa, Melhor Fotografia, Melhor Montagem, Melhor Caracterização, Melhor Banda Sonora, Melhor Direcção Artística e Melhor Argumento Original. Basicamente, nas categorias técnicas, está destacadíssimo.

"The Grand Budapest Hotel"
Director: Wes Anderson
Starring: Ralph Fiennes, F. Murray Abraham, Jude Law, Tony Revolori, Adrien Brody, Willem Dafoe, Edward Norton, ...
Genre: Adventure, Comedy, Drama
2014



Post agendado

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Foxcatcher

Este filme está nomeado para as seguintes categorias: Melhor Realizador (Bennett Miller), Melhor Actor Principal (Steve Carell), Melhor Actor Secundário (Mark Ruffalo), Melhor Caracterização e Melhor Argumento Original.

E eu tenho a dizer que não gostei do filme. Sempre muito pesado, sempre muito lento, sempre muito monótono. Tinha uma boa história para explorar - história verídica, inclusive... É um filme que se torna aborrecido, a meu ver, que é algo que não devia acontecer num filme que fala de desporto. É demasiado parado, com a narrativa a ocorrer num ritmo secante. Acho que está claramente sobrevalorizado. A interpretação dos actores está irrepreensível, o problema é mesmo a narrativa lenta e pesada.

"Foxcatcher" fala do campeão olímpico de luta greco-romana Mark Schultz, irmão de uma lenda viva do mesmo desporto, com quem sempre treinou. Um dia, Mark recebe um convite para entrar na equipa do milionário John du Pont, onde teria as melhores condições para treinar. Mark aceita a proposta e muda-se para a propriedade do milionário. É este o mote para o filme.

Resumindo, um filme que teria muito sumo para espremer, mas que, a meu ver, foi abordado numa perspectiva que se torna entediante e cansativa.

"Foxcatcher"
Director: Bennett Miller
Starring: Steve Carell, Channing Tatum, Mark Ruffalo, Sienna Miller, Vanessa Redgrave, ...
Genre: Biography, Drama, Sport
2014



Post agendado

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

...

Já voltei à rotina (ou mais ou menos, vá)... O que ainda não voltou foi a vontade de escrever e de estar activo na blogosfera... Praticamente nem tenho ligado o PC (parece impossível, vindo de mim) e ando sem cabeça para nada...

Seja como for... Como sabem, antes de ter acontecido o que aconteceu, eu já tinha dado início à minha maratona rumo aos Óscares. Cheguei a ver uns quantos filmes, cheguei a escrever sobre eles mas deixei os posts em rascunho. Como os Óscares são daqui a poucos dias (pouco mais de uma semana), vou deixar esses posts agendados, de forma a que todos sejam publicados nos próximos dias. Sempre vou mantendo uma certa actividade no blog, ainda que seja uma falsa actividade... Mas neste momento não consigo mais que isso...

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

A ti, meu pai...

Meu herói. Meu ídolo. Meu exemplo de vida. Meu melhor amigo. Meu maior orgulho. Meu pai.

A vida levou-te cedo demais... Porque é que as melhores pessoas são sempre as primeiras a partir?! Cresce em mim a revolta por, mais uma vez, a sacana da vida estar a armadilhar o meu caminho... Essa sacana não me curte mesmo... Ainda não consigo acreditar no que aconteceu. Ainda quero acreditar que isto não passa de um pesadelo do qual irei acordar, mais cedo ou mais tarde, e que nessa altura vou poder abraçar-te... Ainda não me mentalizei que não vou ouvir mais a tua voz, que nunca mais me vais atender o telefone com aquele teu "então oh chouriço?" tão característico, que nunca mais vou poder abraçar-te, que nunca mais vou poder recorrer aos teus conselhos...

Partiste demasiado cedo e de forma demasiado repentina... Ficou tanto por dizer, tanto por fazer, tantos abraços por dar... De repente, todas as vezes em que te disse o quanto te adorava e admirava, parecem poucas... Devia ter-te dito mais vezes, devia ter-te abraçado mais vezes... Tudo o que te fiz e te disse parece-me agora pouco, muito pouco...

Prometo-te orgulhar-te sempre. Prometo ser digno dos teus genes, da tua educação e do apelido que carrego - quero estar à altura do M. inscrito no meu cartão de cidadão. Prometo cuidar da mãe e apoiar sempre os manos. Prometo não deixar que sejas esquecido, prometo fazer perdurar a memória do grande Homem que foste - não vou deixar que os meus sobrinhos te esqueçam, e um dia, quando for pai, hei-de falar de ti aos teus netos. E agora, onde quer que estejas, promete-me tu uma coisa: promete que vais olhar por nós... Que, quando nos sentires perdidos, nos vais apontar o caminho certo. Que, quando eu estiver prestes a fazer merda, vais mandar-me um qualquer sinal, em jeito de chapada no focinho. Promete, pai... Promete que nunca nos vais deixar sozinhos...

Desculpa todas as vezes em que errei contigo. Desculpa toda a rebeldia da adolescência e todas as dores de cabeça que te dei. Desculpa-me todos os erros. E obrigado... Obrigado por me teres dado a vida, por teres feito de mim um Homem, por me teres transmitido os teus valores, por nunca teres deixado que me faltasse amor. Tudo o que sou, a ti o devo - a ti e à mãe.

És e serás sempre o meu maior orgulho. E, acredita, é uma honra ouvir "és a cara chapada do teu pai, até no feitio". Sei que não sou nem um décimo do Homem que tu eras, sei que nunca te chegarei sequer aos calcanhares. Mas ser comparado a ti é um orgulho. Fizeste um bom trabalho, pai. Tens 3 filhos unidos, íntegros e de bom carácter. Vamos orgulhar-te sempre, não duvides disso.

Meu herói. Meu ídolo. Meu exemplo de vida. Meu melhor amigo. Meu maior orgulho. Meu pai. Nunca morrerás. Porque as memórias nunca morrem, e tu permanecerás sempre na nossa memória e no nosso coração.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Este blog continua de luto...

Num dos momentos mais difíceis da minha vida, tenho que agradecer, de coração, a todos os que me têm ajudado a não cair... Todos os amigos e familiares que me ajudaram, que me apoiaram, que estiveram ao meu lado e ao lado dos meus... E também um enorme obrigado a todos os bloggers que, por e-mail, manifestaram o seu apoio... Num momento de dor, é inevitável sentirmo-nos perdidos, mas a força de quem me rodeia tem sido extraordinária. Obrigado, mesmo.

Não sei se este blog terá continuidade... Sinto-me à deriva e sem a mínima vontade de escrever... Tenho montes de posts em rascunho, mas que neste momento não fazem sentido publicar - e vocês sabem que eu não sou de publicar só porque sim, só para manter a regularidade... Os rascunhos (textos, Suspiro do Mês, Tesourinhos, filmes, BSO da Semana, etc) já não me fazem sentido - aliás, pouca coisa me faz sentido neste momento... Talvez quando, daqui a uns dias, regressar ao trabalho e à rotina, volte a ter vontade de escrever. Mas neste momento sou absolutamente vazio, sou um valente nada...

Se eu já não voltar, foi um prazer ter estado aqui, convosco...
Se eu voltar, então até breve...
Não garanto qual dos cenários é o real, só sei que o meu mundo mudou, a minha vida mudou e já nada será como antes...
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