segunda-feira, 20 de julho de 2015

Pela boca morre o peixe...

Oh, as incongruências da vida...
Quem nunca disse a mítica frase "não volto a sofrer por ninguém" aquando um desgosto amoroso? Pois que é só apaixonarmo-nos novamente e lá temos que engolir essas palavrinhas... 

Shame on me: eu sei que a culpa é minha, que me torturo à toa - no fundo, acho que faz parte do meu processo pessoal de recuperação, antes de ultrapassar acabo sempre por ter que passar primeiro por esta fase... No fundo, esta é a fase das saudades. A fase em que se põe em causa se a decisão tomada foi a mais correcta ou a mais errada possível. A fase em que tão depressa se pega no telemóvel por impulso do coração, como se atira o telemóvel para cima da mesa/cama/whatever por impulso da cabeça. A fase em que, ao bater a saudade, se tenta atenuá-la com registos do passado, com aquilo que te fez apaixonar - só que é fodido, porque acabas por te apaixonar mais um bocadinho: consegues achar ainda mais piada às piadas, ficas ainda mais derretido com as picardias, e por aí fora... 

Enfim, enquanto não desligo o chip, ando aqui em loop emocional... Isto só me faz mal, eu sei. Mas eu não sei ser de outra forma, não sei não ser intenso, não sei "gostar mais-ou-menos" nem "gostar assim-assim"... Quando gosto, gosto com tudo, gosto com as entranhas, gosto como se hoje fosse o último dia da minha vida. E demoro a desligar o chip... Demoro a conformar-me: como é que já fomos tanto (mas não tanto como eu desejaria), e hoje somos tão pouco (ou tão nada)? Como é que nos perdemos (em termos de cumplicidade) tão depressa e, à partida, sem motivo aparente? Dou por mim a desejar nunca ter aberto a boca, nunca ter dito o que sentia... Preferia contentar-me com "pouco", do que agora não ter nada.

Acho que ela nem consegue imaginar o bem que me fazia. A sensação de leveza, de bem-estar, de tranquilidade, ... Isto vai soar estúpido, provavelmente, porque nunca houve nada para além de uma grande amizade e cumplicidade diária, mas naqueles 4/5 meses antes de tudo começar a desmoronar, eu senti-me feliz como já não me sentia há muito tempo. Houve, de facto, uma empatia, uma cumplicidade, uma partilha diária... Só me tinha sentido tão ligado a alguém uma vez na vida, e pensei que desta vez pudesse ser "for real", uma vez que foi até mais imediato. Foi um click diferente... Será mesmo que fui eu a ver os sinais errados? Ou será que quando eu abri o jogo, os medos levaram ao recuo? Não sei, não consegui respostas a todas as minhas dúvidas. Mas, desculpa, não me convenço que quem me trata por "crushzinho" durante meses depois diga "só te vejo como amigo". Ou então sou eu que sou um tipo estranho, por não tratar assim as minhas amigas, partindo do princípio que não sinto rigorosamente nada por elas...

Por outro lado, não quero focar-me nisso. Não agora. Prefiro mentalizar-me que nunca tive hipóteses. Porque se fico a achar que tive 1% que fosse de hipótese (em determinada altura - Verão passado), vou sentir-me desiludido... Desiludido por isso não ter sido admitido, e desiludido por se ter preferido ignorar do que tentar - ou pelo menos, deixar fluir. E como não quero sentir desilusão, não quero pensar nisso. Prefiro sentir-me grato por me ter sentido realmente vivo naqueles meses.

Há muito tempo que ninguém conseguia atingir-me desta forma... Tão cá no fundo, com tanta força. Depois da minha fase "fundo do poço", ergui muitos muros à minha volta, muitas defesas. E ela conseguiu derrubá-las todas, uma a uma... Confiava ela como já não confiava em alguém há muito tempo. Com ela, era completamente eu próprio, com as minhas forças e com as minhas fragilidades, com as minhas qualidades e com os meus defeitos, com tudo aquilo que eu sou. Se calhar não fui suficiente. Se calhar não lhe chego. Se calhar ela precisa de mais. E é por isso que eu tenho que ser mais teimoso que o coração e tenho que ultrapassar isto. Saio com a consciência tranquila... Nem sempre fui assertivo, nem sempre fiz o mais correcto, nem sempre agi bem. Mas fui o melhor que pude naquele momento (nunca nos podemos dissociar das circunstâncias, e a verdade é que este 2015 tem sido durinho). Fui genuíno, fui sincero e fui à luta. E, para mim, isto é o mais importante.


PS - Esta segunda-feira, não há a rubrica "BSO da Semana"... O meu espírito não está muito musical...

2 comentários:

  1. Ai que somos tão parecidos :) Eu sinto que só o tempo torna as situações, sentimentos mais suaves... caindo num "esquecimento" sucessivo. Para nós emocionais... Tudo é vivido e sentido com o dobro da intensidade, logo demora o dobro a esquecer. Mas passa. Tudo passa. :) Beijinhos grandes

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    1. Bingo: demora o dobro a esquecer... E só mesmo o tempo é que cura... Há quem defenda que a melhor forma de esquecer alguém é arranjar outro alguém. Eu não só não concordo, como acho que é um grande erro - já o cometi no passado, e como seria de esperar, deu merda... Traz sempre muitos danos colaterais... O tempo é que é o melhor amigo, o tempo vai curando, vai sarando, vai ajudando a cair no esquecimento...

      Beijinho

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