terça-feira, 21 de outubro de 2014

"Camarão que dorme, a onda leva". Mas agora eu estou bem acordado, já não me leva mais!

Eu não sou estúpido. Mas às vezes faço-me. Só para perceber até onde vai o joguinho de alguém. Só para perceber até onde são capazes de ir. Só para perceber até onde vai a prepotência de acharem que me tomam por parvo. Mas, muitas vezes, as pessoas cometem um erro básico: não percebem quão observador eu sou. Mesmo quando parece que estou absorto nos meus pensamentos, eu vou observando. E considero-me perspicaz e com um bom sexto-sentido.

Como eu disse nos posts anteriores, eu mudei nos últimos anos. Tornei-me mais desconfiado, e isso leva-me a estar sempre alerta. Só que possivelmente há quem ainda não tenha percebido que eu mudei. E pensam que estão a lidar com o mesmo Roger de há uns anos. Aquele Roger que até era facilmente manipulável (admito), porque acreditava sempre nas boas intenções das pessoas. Eu era tapadinho ao ponto de ter sido um verdadeiro boneco nas mãos da minha grande paixão da adolescência (ali entre os 15 e os 17 anos). A Maria desligava-me o telefone na cara consecutivamente, e o tapadinho ligava de volta. A Maria fazia birras de menina mimada, e o tapadinho pedia desculpa mas nem sabia porquê. Depois de acabarmos, a Maria estava sempre a sacudir-me, mas quando ela precisava eu não dizia que não. Quando me via a ficar mais próximo de alguma rapariga, a Maria vinha com o choradinho de "o maior erro que cometi na vida foi acabar contigo" e lá ia o cãozinho atrás...até levar a patada seguinte. Até que aprendi... Na realidade, a Maria foi o primeiro grande abre-olhos da minha vida. E juro-vos, se há coisa que me dá grande gozo é o facto de, depois de mais de 2 anos sem nos falarmos, ela vir pedir batatinhas com um "ai a minha relação está tão mal" e eu não lhe dei o mínimo espaço de manobra.

Mas adiante, que este post não é sobre a Maria... O Roger manipulável e boneco já não existe. Aprendeu com as cabeçadas que deu, com as patadas que levou. Hoje exijo reciprocidade nas acções. Não há nenhuma relação na vida (seja entre pais e filhos, entre irmãos, entre amigos, entre namorados, whatever) que possa existir sem reciprocidade. E eu até sou muito (demais...) de dar, de me dar. Mas também gosto de receber. E comigo já não funciona essa coisa de "vai remando aí, que eu remo quando me apetecer". Ou bem que todas as partes remam para o mesmo lado, ou bem que ninguém rema. Não me tomam mais por estúpido!

Eu acho que a minha maior qualidade é ser um bom amigo. Mas há quem se aproveite disso. Há quem só se aproxime quando precisa de colinho. E aí eu sou o melhor amigo do mundo, e gostam muito de mim, e sou das melhores pessoas que conhecem, e agradecem muito por ser um bom ouvinte. Mas quando passa o furacão, puff... Desaparecem. Deixo de saber se estão vivas, se estão bem, se estão assim ou assado. Lamento, comigo não funciona. Não sou amigo de ocasião e não aceito que os outros o sejam comigo. Uma relação de amizade tem que ser alimentada por ambas as partes. Cansei de ser o eterno otário. E não fico onde não me sinto bem-vindo, isso é certo. Lá está, com o passar dos anos tornei-me mais "desligado emocionalmente": se me falham, eu viro bloco de gelo. Deixo de aparecer, deixo de falar, deixo de ligar, deixo de mandar sms. Digo muita vez: enquanto eu falo e discuto, é bom sinal; preocupem-se quando eu já não me der ao trabalho de falar - é sinal que desliguei o botão da emoção. Sinceramente, acho que atingi um ponto em que tenho tolerância zero para falhas. Claro que há falhas e falhas, eu também falho, todos nós falhamos. Somos humanos. Mas há falhas que qualquer pessoa com 2 dedos de testa vê que são inconscientes, e há falhas que são absolutamente pensadas. Cruelmente delineadas.

Herdei o feitio do meu pai. Herdei dele que a honestidade, a lealdade, o carácter, são as coisas mais importantes que alguém pode ter. Não admito deslealdade! O meu pai diz "a quem muito se baixa, o cu se vê". Não me baixo por ninguém. Aos 27 anos, atingi aquele ponto em que só é considerado amigo quem realmente age como tal. Sou cada vez mais exigente comigo e com os outros. Cansei de ser aquele que vira lixo quando já não dá muito jeito ter por perto! Cansei de criancices, vindas de malta com idade (late 20's, early 30's) para ter outra maturidade.

Ao meu lado, só caminha quem vale a pena! Ensinaram-me que cada um aceita o amor/amizade que acha que merece. Eu aprendi a ser exigente!

10 comentários:

  1. E mais nada! Concordo em completo contigo...
    Há pessoas que só se lembram das outras quando precisam e depois puff desaparecem. Eu já algum tempo que fiz o corte com algumas pessoas, porque lá está desaparecem e não disseram mais nada. É depois há outras pessoas que me perguntam "nunca mais falaste com x ou y?", a minha resposta é "essa pessoa não fala comigo porque é que eu hei - de falar?". Sei que estou a ser um bocado anti - social e tenho perfeitamente noção que por vezes sou, não sou fácil de lidar mas para quê gastar o meu tempo com quem não quer gastar o dele comigo?

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Não acho que estejas a ser anti-social. Simplesmente estás a proteger-te ;)
      Eu já fui muito anjinho, muito ingénuo, muito bambi. Felizmente tenho vindo a abrir os olhos. E sou cada vez menos tolerante com algumas falhas!

      Eliminar
    2. Muito bambi é bom! :)
      Também já fui ingénua, anjo continuo a ser (lol), mas felizmente uma pessoa aprende com erros, abre os olhos como dizes. Estou a ser anti-social, porque de certa forma isolo-me, se calhar se eu falasse, não "desistisse" da pessoa, poderia haver uma espécie de relação...não sei.

      Eliminar
    3. Não tem a ver com desistir, tem a ver precisamente com o facto de te protegeres :)
      Quem te magoa, quem te ignora, quem é amigo de ocasião, etc... Esse tipo de pessoas não merecem o teu tempo, os teus sentimentos e a tua atenção ;)

      Eliminar
  2. Preciso que me ensines a ultrapassar isso... eu também estou farta de ser a amiga de ocasião, aquela que só serve quando se precisa, que fazem ''gato sapato'' e escrava de ser muito dada a certas amizades, farta de estar sempre a perguntar:''ah e tal e hoje podes estar comigo, preciso desabafar'' e só ouvir respostas negativas mas confesso que não tenho essa coragem. É uma das coisas que mais perdi em relação a vir para Lisboa viver, ''perdi'' os(as) amigos(as) que tinha na Madeira e deixei-me levar por quem se diz meu amigo aqui e acaba por nunca ter tempo ou só conseguir estar connosco quando precisa de alguma coisa....Uma das coisas que mais me custa admitir desde que estou cá é que nunca cheguei a voltar a encontrar nenhuma pessoa que pudesse voltar a chamar amigo de verdade além do meu André. é um pouco triste mas é verdade :X tem dias que somos eu e ele against the world!
    Mas um dia hei de dizer a essa ''amiga'' que deixei de ser a otária que aceita todas e quaisquer desculpas de falta de tempo. Beijinhos* e desculpa o testamento mas hoje não foi um bom dia...no que toca a amizades. Há quem diga com amigos assim quem precisa de inimigos e chega a ser verdade.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Compreendo-te. Ter saído de Coimbra também se revelou complicado no campo da amizade. Porque aqueles em quem mais confio e que eu sei que são amigos a 500%, estão demasiado longe...

      Ainda há pessoas que valem a pena. Sem dúvida. Cabe-nos a nós saber filtrar ;) e eu sinto que estou a filtrar cada vez melhor. Cada vez aturo menos merdas, isso é certo.

      Beijinho grande

      Eliminar
  3. E quem fala/escreve assim não é gago. :D É assim mesmo. Mais vale com poucos amigos e bons do que recheados de amizades de m*rd*. Amén.
    beijinho

    ResponderEliminar
  4. Isso mesmo ! Primeiro pensa em ti e em quem realmente merece a tua Amizade.
    Hoje em dia quase não há ambos de verdade.....o facebook não deixa!!!!!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Não tenho Facebook, por isso por aí estou safo ;P
      Mas é isso: sou cada vez mais exigente com os outros, sem dúvida...

      Eliminar

Real Time Web Analytics