domingo, 19 de outubro de 2014

A explicação do post anterior... Ou "o Roger a nu num simples post"... (parte I)

Quando digo que o dia 19 de Outubro de 2007 mudou a minha vida, é uma grande verdade. Como já perceberam pelo post anterior, tem a ver com uma pessoa que fez parte da minha vida.

Foi a partir desse dia que percebi que muita coisa que eu dava como certa, não era tão certa assim. Foi a partir daquele dia que percebi que os amores assolapados do passado eram afinal meras paixonetas, porque o amor só o descobri ali. Foi a partir daquele dia que percebi o que realmente gosto, quero e preciso numa mulher: companheirismo, cumplicidade, saber que mesmo no dia mais merdoso há sempre alguém que nos estende a mão. Foi a partir daquele dia que descobri o meu melhor lado, o que de melhor tenho, o que melhor sei fazer: amar, cuidar, proteger, mimar.

Mas nem tudo o que esse dia me trouxe foi bom... Enquanto durou, foi (a par de já ter estado perto de ser pai) a melhor coisa que me aconteceu na vida. Mas quando acabou, acabou mal, e destruiu-me enquanto pessoa. Por isso é que me mudou irremediavelmente... Quando falo da minha fase "fundo do poço", quem não me conhecia nessa altura não faz puto de ideia do que falo... E provavelmente desvaloriza... E é por ter aprendido com o passado que vou falar dele agora, pela primeira vez no blog...

O fim dessa relação coincidiu com a doença do meu afilhado e o seu falecimento... E foi tanta coisa a acontecer ao mesmo tempo, que foi too much to handle... E tornei-me uma sombra de mim próprio. Deixei-me levar por merdas que não devia. Apanhava bebedeiras quase diárias... E, pior que isso, a droga passou a constar na minha vida... Nunca tinha tocado numa ganza que fosse (e nunca mais toquei desde então), mas naquela altura estava tão perdido, que estar bêbedo e pedrado era a única forma de sair daquele mundo de dor e mágoa... Fui um fraco, eu sei... Quis fugir da vida, da realidade... Não queria encarar a dureza da vida, e fui um cobarde. Um cobarde que se deixou levar por merdas que anestesiam momentaneamente, mas quando deixamos de estar alterados os problemas continuam lá.

No meio de tanta merda, aliada a um coração fraco, fiquei a conhecer a vida hospitalar mais vezes do que seria desejável... Mas na altura, eu estava tão perdido que tudo isso me era irrelevante... Cheguei a misturar tanta merda, de forma consciente e propositada, que é uma sorte eu estar aqui hoje.

Felizmente, tive pessoas do meu lado que rapidamente me fizeram perceber o caminho destrutivo que eu estava a seguir. Esta "vida loka" durou aproximadamente 2 meses... Mas o fundo do poço ainda era o meu habitat natural... Afoguei-me propositadamente em trabalho, dispensava folgas para não ter de lidar com os meus problemas. Jurava nunca mais me apaixonar. Os momentos de carência eram resolvidos com umas curtes sem importância, merdas de uma noite, sem qualquer sentimento (porque como diz um grande amigo meu "o sentimento atrapalha a relação" lol). Aconteciam apenas pela necessidade de me sentir desejado, de querer ter o ego insuflado. Tinha o orgulho ferido porque a mulher que amava e com quem tinha namorado durante 2 anos, 1 mês depois de acabarmos já tinha outro namorado...

Esta fase "fundo do poço" existiu entre Fevereiro de 2010 e Março de 2012. Foram 2 anos de pura estupidez. Fui um puto, um cobarde, um fraco. Não me orgulho da grande maioria das coisas que fiz nesse período. Envergonho-me até. Por isso é que evito falar nisso. Porque me envergonha, porque me desilude a mim próprio e provavelmente desilude muita gente também. Foi por vergonha que só contei isto à minha última namorada já bem perto do final da relação... Porque acredito que deve ser uma desilusão do carago acharem-me forte por tudo o que já passei, e no final descobrirem que sou um fraco...

(continua)

8 comentários:

  1. Aquilo que vivemos torna-nos aquilo que somos. Foste fraco, mas agora és forte. Aprendeste com os erros e és agora uma pessoa melhor. Não tenhas vergonha do que foste durante esses dois anos, mas sim orgulho na pessoa que és!

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    1. Vergonha tenho, é um facto... Fui verdadeiramente fraco... Sim, aprendi com os erros. Mas tenho que enterrar estes fantasmas...
      Obrigado!

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  2. Não me surpreende... :) Não porque te julgue, nada disso. Todos temos momentos em que cometemos erros e caímos em caminhos fáceis. Admiro-te por teres consciência disso e saíres. Digo que não me surpreende porque normalmente as pessoas muito emotivas, são as mais frágeis... as mais intensas. E isto... isto é muito normal... Eu aprendi a defender-me, mas também sou mais velha :P Se é bom? Não, sinto que não é bom. Mas é necessário... Beijinhos

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    1. Eu também estou a aprender a defender-me. E consigo identificar neste momento meia dúzia de coisas em que o Roger de 2007 estaria neste momento a agir de maneira completamente diferente. Tenho que me proteger. Acima de qualquer pessoa, estou eu, é nisso que me foco agora...

      Obrigado pelas tuas palavras :)
      Beijinho

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  3. Não tens de que te envergonhar ,se realmente já te arrependes te.
    Todos temos telhados de vidro ok?
    E como eu costumo dizer:" não interessa quem foste, apenas interessa quem és"
    Tenta fazer um sorriso e olhar te ao espelho assim , quando estas mais triste pode ser?
    Bjinho😃

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    1. Todos temos telhados de vidro, de facto. Mas uns são mais sensíveis que outros :P
      Obrigado pela força :)
      Beijinho

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  4. Tu não és nenhum fraco, percebo o que passaste e sei porque já passei por algo parecido, é o que acontece quando estamos sobre pressão e há recaídas! Mas o importante nesta história é que conseguiste dar a volta por cima e deixar de te auto-destruir! Isso é que é importante e é de se valorizar :)
    Beijinhos e cuida de ti sim? *

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    1. Devo muito a algumas pessoas. Foram elas que me fizeram perceber o processo de auto-destruição em que eu estava a entrar. Foram elas que me ajudaram a sair de lá. Eu estava demasiado fraco para conseguir fazê-lo sozinho...

      E fui um fraco, sim. Naquela altura vacilei perante a vida, não queria enfrentá-la e refugiava-me nos "prazeres" que o mundo oferece, que nos fazem desligar a ficha e não pensar em nada. Mas é tudo momentâneo... Quando o efeito passa, os problemas continuam lá...

      Obrigado por tudo :)

      Beijinho

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