Há coisas que me tiram do sério. Injustiça é uma delas. E como tal, odeio quando sinto que, em algum momento, por algum motivo, fui injusto com alguém. Porque sei o que é sentir na pele uma injustiça. Sei o que é uma situação mal interpretada, sei o que é tentarmos fazer a nossa "defesa" e parecer que só estamos a fazer mais borrada, sei o que é termos um dedo apontado sem que haja motivos reais para isso. E, assim sendo, da mesma forma que odeio sentir-me injustiçado, também odeio ser injusto com alguém.
Mas nada na vida é linear. Porque todos nós vivemos a nossa vida à luz dos nossos valores e princípios. E eu sei que tenho um enorme defeito: esperar que os outros sejam comigo o que eu sou com eles. Às vezes esqueço-me que nem toda a gente se rege pelos mesmos valores e convicções que eu. Porque tenho os meus valores muito vincados e não consigo sair deles. E acabo por esperar que, em determinada situação, as pessoas ajam comigo como eu agiria com elas se as posições se invertessem. Se calhar eu é que sou injusto aqui. Se calhar eu é que sou um banana, por exigir reciprocidade na acções: por querer que os outros sejam tão sinceros comigo como eu sou com eles, por querer que os outros sejam tão frontais comigo como eu sou com eles, por querer que os outros não tenham medo de me olhar nos olhos como eu não tenho medo de os olhar a eles. Tenho noção que, em algumas situações, as pessoas fazem isso para não me magoar - porque acham que agindo de determinada forma, estão a fazer o mais correcto. Só que, guess what, quem se lixa é sempre o mexilhão. Porque sinto que as pessoas não estão agir comigo como eu agiria com elas. E acabo por me magoar.
Se calhar tenho expectativas demasiado elevadas. Se calhar sou o eterno crente. Se calhar sou ingénuo. Se calhar crio imagens mentais sobre as pessoas, que depois não correspondem à realidade. Mas não suporto faltas de transparência para comigo. Não suporto que me enrolem, que fujam à verdade, que não sejam capazes de me olhar nos olhos e dizer-me o que REALMENTE querem dizer. Não consigo perdoar que as pessoas possam ser dissimuladas só para evitar o confronto, só para evitar encarar-me.
Tenho vindo a tentar corrigir-me. Tentar raciocinar antes de julgar. Tentar perceber que em determinada situação a pessoa pode não ter agido por mal e simplesmente ter feito o que julgava correcto à luz das suas convicções. E por isso dou o benefício da dúvida - até porque dias maus todos temos e aí estamos altamente propensos a momentos e acções menos felizes. Dou o benefício da dúvida uma vez, duas vezes, três vezes... Mas depois o sangue começa a fervilhar...
Isto tudo para desabafar que, tendo em conta alguns acontecimentos, neste momento posso estar a ser muito injusto para com alguém tendo em conta os pensamentos que me cruzam o cérebro. E serei o primeiro a pedir desculpa se de facto estiver a sê-lo. Mas também é um facto que esses pensamentos só me vagueiam na cabeça porque não estou a sentir transparência. Eu não sou um pedaço de merda que anda aqui, para que as atitudes mudem conforme a lua. Quando alguém tem um problema comigo, é comigo que deve falar, ponto! Sentir empatia e respeito por alguém não é só dizer "gosto muito de ti" ou "és impecável" ou "obrigado por me ouvires". Palavras, leva-as o vento! O respeito e o gostar vêem-se nas atitudes, nas acções, na transparência, na honestidade! Palavras são só palavras quando não são acompanhadas de gestos que o comprovem! Eu quando estou bêbedo também gosto muito de toda a gente, até já abracei pessoas que não conhecia de lado nenhum! Palavras voam com o vento! Claro que dizer que se gosta é importante, mas tem de ser acompanhado de acções! Isso de dizer que se gosta, para mim vale zero quando as atitudes não coincidem!
No meio disto tudo, provavelmente eu sou é um grande banana... Porque não consigo ver ninguém mal, a chorar, a sofrer. Dou o meu ombro a quem precisa. Dou colinho e mimos quando vejo alguém quase a bater no fundo - porque sei que, quando se está no fundo, um colo reconfortante ajuda a melhorar o dia. Até ao dia em que passo a ser um lixo que anda para aqui. A culpa é minha: a desilusão só existe porque havia uma ilusão. Pelos vistos, há 4 anos atrás ainda não me fechei o suficiente, ainda não tranquei a minha concha como deve ser. Há 4 anos atrás, levei um balde de água fria de todo o tamanho por parte de alguém que eu punha num pedestal (esse é que foi o erro, eu sei), por quem dava a minha vida! O choque térmico foi tão grande que eu fiquei em coma emocional durante mais tempo do que seria recomendável. E esse choque retraiu-me: decidi fechar-me na minha concha, não deixar que NINGUÉM voltasse a saber onde me atingir. Pelos vistos ainda não fechei a concha suficientemente bem, as pessoas continuam a saber exactamente onde me conseguem atingir... Sabem exactamente em que teclas devem tocar para me tirar do sério.
Às vezes sinto-me usado, por pessoas que se lembram que eu existo quando precisam de colo, mas que depois viram as costas com uma facilidade do carago...
Às vezes sinto-me usado, por pessoas que se lembram que eu existo quando precisam de colo, mas que depois viram as costas com uma facilidade do carago...
Nos últimos 7 anos, estas palavras (clicar para abrir) que um dia alguém me dirigiu eram vistas como uma lição de vida para mim. Não queria destruir o que tenho de melhor só porque estava magoado. Mas sinceramente? Estou a começar a revoltar-me comigo próprio por ser tão banana...
(O blog continua em stand-by, eu é que precisei de extravasar um bocado... Quando o sangue fervilha, vai tudo a eito...)
Eu também sou assim, se calhar eu é que sou má pessoa e espero dos outros o que eles esperam de mim. Entendo-te perfeitamente isso também já aconteceu comigo e detesto fazer figura de parva por alguém que se for preciso é capaz de nos usar só porque sim. Comigo isso também não resulta e eu não sei se és assim na vida real mas como usaste a escrita para desabafar não sei mas eu por exemplo quando isso me acontece escrevo e raramente digo à pessoa o que ela realmente é. A única coisa que faço e que tem resultado de certa forma é afastar-me... não vou deixar que alguém que me faz mal continue a dar-se comigo e sim se me chatear a sério como já aconteceu aí expludo e aí sim a pessoa vê como eu me estava a aguentar para não lhe falar. Dizem que cá se fazem cá se pagam e ás vezes é mesmo assim!
ResponderEliminarBeijinhos e força(não és nenhum banana!!).
Por vezes o afastamento é mesmo o melhor... Talvez um dia a pessoa nos valorize, ou talvez não...
EliminarObrigado pelas palavras, Teresa!
Beijinho grande
Acredita que estar afastado do que nos faz mal é o melhor! E se essa pessoa não nos valorizar é porque não faz falta nenhuma, às vezes tem de ser assim. Não tens que agradecer* Beijinhos
EliminarTens toda a razão, Teresa :)
EliminarBeijinho
Precisamente por saber que eu às vezes também ajo sem pensar e digo coisas que não sinto, é que gosto também de dar o benefício da dúvida às outras pessoas. Gosto de conversar com as pessoas, pedir satisfações, perguntar o que se passou, porque acredito que a conversar é que nos entendemos e esclarecemos os mal-entendidos. Mas há pessoas a quem temos de deixar de dar o benefício da dúvida, porque por mais oportunidades que lhes demos hão-de desiludir-nos sempre. Infelizmente só depois de nos desiludirmos é que sabemos quem são essas pessoas, e havemos sempre de nos magoar.
ResponderEliminarBeijinho grande Roger...tudo passa, e essa fase mais negra há-de passar também.
Precisamente, é isso mesmo.
EliminarE tudo passa, sem dúvida :)
Obrigado pelas tuas palavras!
Beijinho :)