(continuação)
Hoje
sei quais foram os meus erros. Sei identificá-los e aprendi com eles.
Aprendi lições de vida, sempre à minha custa. É curioso como me ria
quando um amigo meu costumava dizer "nunca endeuses uma mulher, é meio
caminho para ela não ter qualquer pudor em pisar-te". Hoje dou-lhe toda a
razão, hoje sei que esse foi um dos erros que cometi: punha aquela
miúda num pedestal tal, que no dia em que tudo ruiu, eu não sabia como
levantar-me.
Não
lhe guardo rancor. É um facto que me magoou muito, é um facto que me
desiludiu brutalmente. Mas também é um facto que, para o bem e para o
mal, ela mudou a minha vida. E guardo o que é bom de guardar. E,
acreditem, houve muita coisa boa para guardar. E é isso que guardo com
carinho, todos os momentos bons. As cicatrizes das coisas más também
estão cá, mas acredito que ela também as tem... Desiludimo-nos
mutuamente, magoámo-nos mutuamente. As coisas acabaram como nenhuma
relação tão especial e intensa devia acabar... Por culpa minha... No meio da minha fase "fundo
do poço", eu estava tão desorientado que fui o maior otário que possam
imaginar. Estava tão cego de revolta, que fui eu que arruinei com
qualquer possibilidade de amizade. Disse-lhe coisas horríveis, que não
sentia e não pensava, mas que no calor da revolta me saíam disparadas da
boca... Fui eu que a afastei com as minhas atitudes... Porque me sentia
magoado, traído até... Não compreendia (e isso é algo que ainda hoje
não consigo compreender) como é que ela era capaz de dizer que me amava,
que ia amar-me sempre, mas que estava a viver naquele instante
"pequenos momentos de felicidade com a pessoa com quem estou" (palavras
dela, que nunca esqueci). Porque, para mim, o amor é um sentimento absoluto, inteiro. Ou se ama ou não se ama. E quando se ama, não há espaço para surgir mais ninguém...
É
por isso que o dia 19 de Outubro de 2007 me vai marcar para sempre.
Explicando então o contexto dessa data... Esse foi o dia em que
confessei que estava apaixonado por ela. Tinha esse sentimento escondido
dentro de mim desde o Verão desse ano... E estava a sufocar-me... Ela
era a minha melhor amiga, e namorava há uns 3 ou 4 anos... Ainda hoje
não sei dizer quando é que o meu sentimento mudou, quando é que percebi
que aquilo não era só amizade... Sei, isso sim, que esse Verão foi
complicado. Comecei a vê-la de outra forma, mas ao início tentei
desvalorizar, achava que era mera carência... Não era... O sentimento
aumentava de dia para dia... Quis o destino que a relação dela começasse
a tremer nesse mesmo Verão. Porque as probabilidades de ela entrar para
faculdade longe de casa eram enormes e o namorado dela não estava a
saber lidar com a situação. E ali estava eu, fazendo das tripas coração,
completamente apaixonado mas a ouvi-la, a aconselhá-la, a ser o melhor
amigo. Verdadeiramente na friendzone, portanto. Soube depois que foi
nessa altura que ela também teve o click. Talvez isso explique as
brincadeiras que começaram a existir: "ah e tal dava umas voltinhas
contigo", mas sempre com aquele risinho de quem está a brincar. Nenhum
de nós estava a brincar, não queríamos é que isso transparecesse.
E
foi naquele dia de Outubro que as coisas mudaram. Que numa conversa que
ainda hoje não sei explicar como foi (os nervos daquele dia
bloquearam-me a memória lol), ela acabou por perceber que havia algo que
eu não lhe estava a contar. E apertou comigo. Aguentei horas a desviar o
rumo da conversa - ou a tentar, porque ela era persistente! Para terem
noção, a conversa começou a meio da tarde e acabou já bem de noite...
Até que eu percebo que não havia como contornar, e acabo por lhe dizer o que sentia e descubro que é mútuo. E foi o início de tudo. Ela resolveu a
vida dela, porque ainda tinha uma relação para terminar - e juro-vos,
aqueles dias de espera (porque ela só ia a casa no fim-de-semana
seguinte) foram uma tortura. Porque tanto ela como eu tínhamos noção que
o ex dela merecia o total respeito. E só nos permitimos viver o que
sentíamos no dia em que ela terminou a relação.
Foram
2 anos únicos. Apesar da desilusão e da mágoa no final, a verdade é que
deep down inside sei que tinha ali uma grande mulher. Lá está, não me
esqueço das coisas boas... Não me esqueço do apoio incondicional que ela
me deu quando tive que vir para longe de tudo e todos, foi a minha
grande força. Não me esqueço de tudo o que vivemos de bom. Não me
esqueço de tudo o que aprendi com ela. Há quem me diga "ah e tal ainda
há aí história" - há quem diga o mesmo da Carolina. Não, não há história
nenhuma. Apenas há o carinho que fica das coisas boas. E mesmo com as
coisas más eu cresci. O meu "fundo do poço" foi uma merda, que foi, mas
fez-me crescer e amadurecer. Deu-me muitas lições para a vida.
O
dia 19 de Outubro de 2007 trouxe-me muita coisa. Muita coisa boa e
muita coisa má. Fez-me conhecer o meu melhor lado, mas também o meu
pior. Fiz muito mal a mim próprio e fiz sofrer quem me rodeia e gosta de
mim. Tornei-me mais desconfiado. Mais "desligado emocionalmente", no
sentido em que quando me desiludem eu viro bloco de gelo. Tornei-me mais
inseguro, menos confiante. Mas também me tornei mais adulto, mais capaz
de enfrentar os problemas (percebi que fugir deles é algo que é sempre
apenas momentâneo, mais tarde ou mais cedo eles aparecem de novo). Já
não sou o mesmo Roger de 2007. A essência é a mesma, sim. Os valores, os
ideais, os princípios... Mas sou menos ingénuo, menos dado, mais
exigente (comigo e com os outros)... Por isso é que este dia me mudou
irreversivelmente... E se durante 2 anos este foi um assunto que eu sempre evitei, chegou a altura de me reconciliar com essa parte do meu passado. E foi por isso que decidi escrever este post no blog. Hoje, aqui e agora, exorcizo os meus fantasmas...
Roger como te compreendo tão bem.....
ResponderEliminarDizem que o tempo tem um poder de cura ,fantástico...mas não tem!
Apenas ajuda a adormecer a dor mas ela continua bem lá no fundinho sim.
Mas a primavera volta sempre e com ela ,novas flores .
Foi assim comigo, será assim contigo .
Acredita .
Tenta afastar os fantasmas assim mesmo, na escrita. Vais ver como te libertas mais.
E nunca esquece que nada acontece por acaso.
Grande beijinho
Já não é dor. A dor já ficou no passado :)
EliminarHá apenas fantasmas que continuam por cá. E esta parte do meu passado é a única com a qual ainda não me consegui reconciliar. É o que estou a tentar fazer neste momento :)
Obrigado pelas tuas palavras!
Beijinho
Se é passado , não passa disso mesmo!!! Coragem Roger!
EliminarObrigado Xi :)
EliminarAcho que o mais importante é compreenderes o porquê das coisas e teres aprendido com elas. Não estar chateado com o passado. Já passou, não o podemos mudar nem voltar atrás.
ResponderEliminarEspero que os posts tenham ajudado a exorcizar os fantasmas :)
Estou precisamente a tentar reconciliar-me com o meu passado.
EliminarE os posts ajudaram, foi para isso que os escrevi :)
Obrigado!
Espero que consigas fazer as pazes com o teu passado, agora toca a pensar no presente que está mesmo aqui à porta :)
ResponderEliminarBeijinhos*
Grande parte do meu passado está mais que resolvido. Mas há pequenos pormenores que... :P
EliminarBeijinho
Agora não percebi xD pormenores que quê?
EliminarBeijinhos
O que eu queria dizer é que ainda não estava reconciliado com esta parte do meu passado. Daí ter escrito sobre isto no blog, queria que servisse de terapia... Que me ajudasse a fazer as pazes com essa parte da minha vida!
EliminarE ainda bem que conseguiste :) a escrita tem destas coisas, ajuda e muito!
EliminarBeijinhos*
A escrita para mim é uma verdadeira terapia :)
EliminarBeijinho
Se chegou a altura de falares sobre o assunto, significa que já superaste essa fase na tua vida e que já consegues lidar com as suas consequências. Por isso, Life Goes On. Levanta a cabeça e é assim, "menos ingénuo, menos dado e mais exigente" que vais levar com a tua vida para a frente. Eu acredito em ti. :) :)
ResponderEliminarbeijinho grande
Obrigado pelas tuas palavras :)
EliminarTens toda a razão :)
Beijinho grande