Uma paixão vivida a 100% desde o dia em que nasci

Desde bem pequeno que tenho duas grandes paixões: a música e o Sporting. Mais tarde, na adolescência, o surf completou o pódio. Ainda mais tarde surgiu uma quarta paixão: a escrita (embora escreva há muito tempo, só há uns 7 anos é que comecei a fazê-lo com mais frequência). Tenho todas essas paixões ao mesmo nível, não consigo dizer qual delas é a maior. Inclino-me sempre mais para a música, é verdade, mas depois penso melhor e reparo que se alguém me pedisse para abdicar das outras três em prol da música, eu não conseguiria. São quatro coisas essenciais na minha vida, quatro coisas que me deixam o coração a bater mais depressa, que me dão adrenalina e que me fazem sentir vivo.

A paixão pelo Sporting vem desde tenra idade, motivada por familiares e sobretudo pelo meu pai. Cheguei a ser sócio, em criança. E lembro-me de exibir, orgulhosamente, o meu cartão. Tenho memória de alguns episódios curiosos. Lembro-me de ter 3 ou 4 anos e estar num casamento onde os meus familiares benfiquistas me tentavam virar - nunca conseguiram! Lembro-me de, bem pequeno, discutir futebol quase como gente grande e saber os nomes dos jogadores. Lembro-me que, no ano em que o Sporting foi campeão 18 anos depois, íamos jogar contra o Benfica na penúltima jornada e se ganhássemos conquistávamos o campeonato nessa noite: eu estava em casa de um primo benfiquista, vi lá o jogo e chateámo-nos de tal maneira que até andámos "à porrada" - e o Sporting perdeu o jogo (viríamos a ser campeões na última jornada, frente ao Salgueiros). Enfim... Inúmeros episódios que me ficaram gravados na memória e que provam que o meu sportinguismo sempre foi inabalável. Ao ponto de, em determinada altura (no início deste século), o meu quarto ser uma espécie de santuário sportinguista - hoje as coisas estão arrumadas mas tenho inúmeros objectos do meu clube (cachecóis, camisolas, 1 equipamento completo - que já não me serve, mas que mantenho como recordação e acto de amor ao clube -, bandeiras, cromos, posters, talheres, bonés, gorros, porta-chaves, bolas, pins, canecas, etc etc etc). Sim, sou ferrenho e já fui absolutamente fanático.

Nas últimas épocas, esse amor arrefeceu um bocado (não passam por isso todos os amores?). Não deixei de ser sportinguista, não deixei de manifestar o meu amor ao clube, não deixei de o apoiar. Mas mantive-me um pouco mais frio, um pouco mais à margem. Porque não me identificava com a gestão, porque sentia que as pessoas que estavam à frente do Sporting estavam a destruí-lo, porque estava a perder-se a magia do clube com actos de gestão absolutamente desastrosos. Pior do que os maus resultados desportivos (porque o coração sportinguista já está habituado a sofrer - temos o coração mais resistente do que os adeptos de outros clubes), era a forma como o clube estava a ser gerido, era o facto de não haver um presente convincente para nos fazer acreditar no futuro.

Tudo isso tem mudado desde que Bruno de Carvalho foi eleito presidente, em Março deste ano. Nunca escondi (e quem lia o meu antigo blog, sabe disso) que apoiava e apoio fortemente este presidente. Porque é diferente de tudo o que tivemos nos últimos anos e o Sporting precisava mesmo de um corte com o passado recente. Estávamos fartos de engravatadinhos bem falantes e com ligações à banca (e, quiçá, a negócios obscuros), precisávamos de alguém que soubesse de facto o que era viver o clube, sofrer pelo clube, alguém cujo coração fosse 100% verde. E BdC é esse homem! É o homem que fez mais nestes meses do que os seus antecessores das últimas duas décadas! Arrumou a casa e está a criar bases para um futuro que se espera risonho.

Graças a isso, este ano tenho vivido o Sporting como há muito tempo não fazia. Tenho visto religiosamente os jogos (falhei um, por estar adoentado e nem sequer conseguir sair do WC - e alguns jogos vou vendo aos bocadinhos, por estar a trabalhar, mas vejo o máximo que consigo!), tenho seguido atentamente os passos do meu clube, tenho estado a par do que se vai passando. Tenho em mim uma crença e uma ambição que já não sentia há algumas épocas. Acredito no futuro do clube e dos jogadores que constituem actualmente o seu plantel: temos jovens muito talentosos que sentem, vivem e respiram o Sporting (William Carvalho à cabeça, este gajo vai ser um senhor jogador!). E quando algum jogador falha nas suas responsabilidades, é punido: aconteceu esta semana quando Rúben Semedo foi apanhado a conduzir sem carta às 2h30 da manhã (com treino no dia seguinte). Este ano tenho uma fé renovada. Que não me deixa entrar em euforias, atenção! Não estou à espera de um Sporting campeão já este ano. Mas o que tenho visto deixa-me confiante em bons resultados, sem dúvida podemos aspirar ao pódio (2º ou 3º lugar, com acesso à Champions). E sem dúvida que podemos aspirar a pelo menos uma das taças (Taça da Liga ou Taça de Portugal).

Hoje à noite temos jogo grande. Benfica e Sporting defrontam-se na 4ª eliminatória da Taça de Portugal (a 2ª que ambos os clubes jogam). O que significa que um dos três favoritos à conquista do troféu vai ficar já eliminado hoje. Para nós, seria um duro golpe. Porque a Taça é um objectivo (já assumido por quem de direito). E se é frustrante podermos ser eliminados numa fase tão inicial desta competição, podermos ser eliminados contra os lampiões faz doer ainda mais o coração. Sporting e Benfica já se defrontaram esta época, à terceira jornada do campeonato, 1-1 foi o resultado. Mas este jogo de hoje não pode dar empate, haverá sempre um vencedor e um vencido. Haverá sempre um sorriso de um lado e uma lágrima do outro. Este jogo é a doer, porque é eliminatório. E eu só espero que o Sporting passe mais este teste de fogo. E que o árbitro (benfiquista assumido e que já andou, em tempos, aos empurrões a um adjunto do Sporting) não tenha sido encomendado e não estrague o espectáculo...

Força Sporting!

Vence por nós!

PS - Hoje, durante o jogo, o meu pensamento não estará focado apenas no Sporting. Mas também em alguém que vai estar no estádio e com quem eu gostaria de estar, para poder comemorar em caso de vitória ou para podermos afogar as mágoas juntos em caso de derrota... Coração de manteiga, o meu... F*da-se... Faço e aconteço, mas sofro mais do que revelo... E é isso...