domingo, 24 de novembro de 2013

Podemos ir já para Janeiro, sff?

Estamos a um mês do Natal... E no me gusta...
Já gostei muito do Natal, quando era miúdo e as circunstâncias eram outras. Mas tudo isso mudou quando perdi uma das pessoas mais importantes da minha vida, uma segunda mãe que faleceu precisamente no dia 25 de Dezembro... E aí mudou tudo. Deixei de viver o Natal da mesma forma porque essa época ficou irremediavelmente marcada por uma perda importante. Desde então, chego a Dezembro e, se pudesse, passava logo directamente para Janeiro.

Se o cenário natalício já não era bom, pior ficou quando vim para longe de casa. Desde que isso aconteceu, ainda só consegui ir passar o Natal a Coimbra uma única vez... E por muito que não se ligue ao Natal, como eu deixei de ligar, é uma época que só faz pleno sentido quando a vivemos com a nossa família. Aqui, vivo essa época com colegas que já se tornaram amigos, mas como é óbvio não é a mesma coisa. Não estrago o Natal a ninguém, como é óbvio, mas não partilho da euforia natalícia e são poucas as tradições que cumpro: como o tradicional bacalhau na consoada, como uns doces, faz-se uma troca de prendas e está feito o Natal...

Tenho saudades dos Natais da minha infância, no tempo em que eu delirava com esta quadra festiva. O entusiasmo começava no início de Dezembro: no dia 1, outrora feriado, montava-se a árvore e iniciava-se o ritual de comer um chocolate por dia daqueles calendários que certamente fazem parte da infância de cada um de nós. Na véspera de Natal, a excitação mal me deixava dormir. Como qualquer miúdo, sonhava com as prendas que iria receber. Os anos foram passando, eu fui crescendo, mas até certa idade continuei a adorar o Natal, mas com outro significado: estar com a família. Entretanto também a família mudou... Alguns primos já têm filhos, o meu irmão mais velho tem o segundo filho a caminho. Mas também se perderam pessoas... Sim, eu sei que é o rumo natural da vida, mas nunca estamos preparados para ter menos lugares na mesa, nem para nos faltar aquele toque especial no bacalhau, próprio das mãos de avós... A vida tem o seu rumo natural e para morrer só basta estar vivo, mas nós nunca estamos preparados para perder quem amamos...

Aos 26 anos tenho em mim uma certeza: só passarei a viver o Natal com a mesma magia com que o vivia na infância, no dia em que for pai. No dia em que vir os meus filhos entusiasmados com esta quadra, no dia em que os meus filhos começarem a fazer listas de prendas, no dia em que os meus filhos comecem a perguntar logo em Novembro quando é que montamos a árvore. Nesse dia, voltarei a viver esta época com um sorriso genuíno no rosto. Até esse dia chegar, para mim os dias 24 e 25 de Dezembro são dias quase iguais aos outros: a diferença está no facto de, nesses dias, pensar ainda mais na falta que os meus me fazem...

17 comentários:

  1. Compreendo-te, muito bem até. Não sei como é a tua dor, pois cada um de nós sente o que sente. Mas também eu perdi pessoas que no Natal eram presença fundamental. E hoje... hoje o Natal já não é o que era quando criança. Confesso que também sinto saudades de tanta festa e alegria. É verdade que a família faz falta, é verdade que com o tempo as coisas mudam. Mas sinceramente Roger tenta ver o outro lado? Temos de dar de certo modo algum valor aquilo que ainda temos :( sei que é complicado e desde então o Natal foi com o pai a mana, e o avô mais chegado e acredita que mesmo assim é possível ser-se feliz. Passa mais rápido é um facto, mas se calhar também é melhor assim. Isto para te dizer que é doloroso, sem dúvida mas não é o fim do mundo Roger. No entanto compreendo-te, quero que saibas disso, sei que não é nada fácil. Força. Abraço forte**

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    1. A questão é que vivo longe da minha família e passo o Natal sem eles. Acima de tudo é o que mais me custa. E é por isso que acabo por pensar tanto no que mudou e nas pessoas que perdi...
      Obrigado, beijinho **

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  2. Compreendo o que dizes... :) O Natal é das épocas que mais gosto! Mas para mim a noite de 24 para 25 é igual a todas as terças e sábados, dia em que há jantar de família cá em casa. O Natal é sem dúvida família... Mas não deveria ser sempre? O que quero dizer é que o Natal tem o seu significado mas o principal mora nos sentimentos e nas ligações que se têm sempre, não só numa época do ano. Um dia terás tudo o que desejas Roger. :)

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    1. Sim, tens razão no que dizes. Mas também te garanto que é triste passar o Natal sem a família...
      Obrigado!

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  3. Percebo-te e bem :)
    Gostei daqui e vou voltar, para (des) construir a mente, pode ser?
    Tens de vir visitar a Sala, vais gostar!

    http://saladosilenciocorderosa.blogspot.com.pt

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  4. detesto o natal, nunca fui grd fã, o natal morreu na minha casa com amorte do meu irmao..

    ontem montei a arvore, tive a ajuda de 2 "duendes". a alegria deles deu uma nova magia à casa :)

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    1. É precisamente isso: os filhos mudam tudo, inclusive transformam épocas más em dias mágicos :)
      E é por isso que sei que vou voltar a sentir a magia do Natal quando for pai :)

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  5. esquece lá o Natal!
    em Dezembro há uma data muito mais fantástica: o meu aniversário ehehehe :p

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  6. O Natal, para mim, era sempre uma época em que mais sobressaía a nossa pobreza. Lembro-me dum Natal em que a minha mãe não fez os tradicionais fritos, por não ter dinheiro para o azeite.
    A juntar à miséria, viria a juntar-se a morte do meu velho na véspera de Natal.
    Por isso faço por viver esta quadra como uma época normal, sem grandes festejos ou prendas. As prendas ofereço-as durante o ano. No Natal dá-se uma lembrança só para enfeitar a árvore (no ano passado nem a chegámos a montar). :\

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    1. Nos últimos anos também tenho vivido esta quadra como uma época normal. Aliás, para ser sincero, nunca é normal... Há sempre uma tristeza maior, bem como uma saudade gigante...

      Grande abraço

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  7. Eu adoro o Natal. Apesar da família já ter sido maior, de já ter passado o Natal bem longe do país e sem ninguém. Mas gosto. Gosto da nostalgia de outros tempos.
    Mas podemos passar à frente este mês e pedir Janeiro. ;)

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  8. Percebo o que dizes. O Natal para mim também não é aquela época especial que é para muitas pessoas. A morte não me roubou ninguém nesse dia, mas os vivos conseguem fazer coisas às vezes bem piores e tornam estes dias menos especiais. Acredito que havendo crianças o espírito é outro. Quem sabe um dia isso aconteça.
    beijinho e vamos esperar que o Janeiro venha depressa. :)

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    1. Espero que esta época deixe de ser negra quando tiver filhos. Aliás, não espero, acredito mesmo :)
      Beijinho e bora chamar Janeiro depressinha ;P

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  9. Vou contar-te um segredo!
    perdi o meu pai faz agora 20 anos....no dia de Reis....e disse precisamente o mesmo que tu....só irei voltar a conseguir festejar aquele dia...e acalmar a minha dor, no dia em que for mãe! e assim foi!
    O teu dia irá chegar, tenho a certeza!
    Beijinhos Roger

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