Mudar não é fácil.
Nada mesmo.
Implica fazer um esforço brutal. Porque todas as decisões mais acertadas são as mais difíceis, invariavelmente. E, por isso, optamos muitas vezes pelo caminho mais fácil. Que neste caso passa pela frase, proferida vezes sem conta em voz alta (mas não é por isso que passamos a acreditar mais nela), que todos invocam: "quem não gostar, que ponha na beirinha do prato". Atenção, esta frase tem o seu quê de verdade: se não gostarmos de nós, quem gostará? Mas ninguém vive sozinho, vivemos em sociedade. E cada um de nós está inserido em vários grupos: amigos, colegas, familiares, etc. E como tal, também é preciso moldar em nós o que deve ser moldado para facilitar o entendimento com os outros. Não se trata de perder a nossa essência, porque devemos manter os nossos princípios e valores no matter what, mas por vezes temos de nos ajustar. Ajustar aos outros e ajustar à vida.
Ao longo dos anos, a vida já me pediu diversos ajustes.
E agora está a fazê-lo outra vez.
Há alturas em que percebemos que nos expomos demais. Expomos as nossas fraquezas, os nossos medos, as nossas inseguranças, os nossos problemas. Eu sou demasiado transparente e ponho-me a nu vezes demais. E chega aquela altura em que percebo "espera lá, só estou a pôr-me a jeito para ser magoado, para ser ferido nas entranhas, para ser pisado". E é aqui que percebemos que está na altura de nos resguardarmos um pouco.
Eu costumo dizer que posso ser a melhor pessoa do mundo para as pessoas de quem gosto. Mas quando me magoam, eu posso aparentar um bloco de gelo. É só aparentar, de facto, porque no intimo sofro, choro e fico na merda. Mas trata-se de me resguardar. Trata-se de ter amor próprio - e eu o que penei para aprender a valorizar-me, posso dizer que só há quase 2 anos é que aprendi essa lição. E não se trata de odiar ninguém. Trata-se de me valorizar a mim, de saber que aquele caminho é errado e que vai resultar em arranhões e nódoas negras.
E é a bem da minha sanidade mental, da minha integridade como individuo e do meu bem-estar (para comigo e para com o mundo) que estou em mais uma fase em que tenho que me resguardar. Dói, magoa, custa, corrói, mata por dentro. Mas, tal como disse no início deste texto, as decisões acertadas são invariavelmente as mais difíceis. E eu já passei anos demais da minha vida a optar pelos caminhos mais fáceis, porque esses não magoavam e eu sou pouco tolerante à dor. Mas como não há analgésicos para a alma, tive que aprender a defender-me com as minhas próprias armas.
Post agendado
Devemos seguir o nosso caminho, seja ele feito de decisões fáceis ou difíceis porque ninuém o vai percorrer por nós. E pode haver sofrimento, mágoa e dor, mas de certeza que também haverá alegria, amor e muitos sorrisos.. Ninguém disse que viver era fácil :) Coragem!!!
ResponderEliminarViver não é fácil, de facto. Mas aprende-se a viver. Ou, no pior dos casos, a sobreviver...
EliminarIdentifico-me com tudo o que dizes...só tem um problemazinho...e não é para te desanimar:) comecei essa aprendizagem mais ou menos aos vinte e ainda hoje não sei como se faz isso do "resguardar", ou melhor saber sei, mas na hora de por em prática...nem sempre resulta. No meu caso resulta bem se não estiver afectivamente ligada a essas pessoas, aí o resguardo funciona lindamente...agora quando gosto...está o caldo "intornado"...
ResponderEliminarjinhosssssss
Sofro do mesmo mal... Mas às vezes é necessário aprender a deixar o coração de lado e a ser mais racional, não é? Há caminhos que resultam em nódoas negras e arranhões...
EliminarBeijinho
:) Eu não diria melhor! Engraçado que escrevi sobre isto hoje no blog numa vertente um pouco diferente. Juro que não foi propositado. :) Um beijinho Roger e valorizar-nos é imprescindível para sermos e fazermos felizes! ;)
ResponderEliminarE mesmo que tivesse sido propositado... Eu às vezes também me inspiro em assuntos que leio noutros blogs :)
EliminarBeijinho
Como te percebo, e o que gostava de encontrar os "analgésicos para a alma"! Aprendi que as feridas que nos causam são muitas vezes forma de passarmos a olhar para nós com outros olhos, valorizarmo-nos, e a marca que fica após a ferida sarar é um reminder! Mas o coração não tem olhos, ele perdoa, ele regenera o tecido e leva-me a acreditar de novo, e vai mais uma ferida... É difícil viver sem acreditar, sem amar sem reservas, sem se entregar, o que eu gostava de me resguardar, de pensar mais com a razão e menos com a emoção.
ResponderEliminarFica bem
Entendo o que dizes, porque comigo passa-se o mesmo. Também sou muito mais emotivo do que racional. Mas como dizes, e bem, as feridas ensinam-nos a olhar para nós com outros olhos. E eu tenho vindo a aprender isso. Mas, claro, na teoria é sempre tudo muito mais fácil.
EliminarObrigado pelo comentário, vai aparecendo :)