segunda-feira, 29 de junho de 2015

Fins de ciclo

Ser-se adulto, crescer, amadurecer, também é aprender a perceber quando é a altura de soltar as amarras. É ter o discernimento de perceber que há que avançar, há que evoluir, há que seguir em frente. Esse discernimento faltou-me em vários momentos da minha vida - tenho muita dificuldade em desistir. A palavra, só por si, já me faz comichão: desistir soa tanto a "you're such a fuckin' loser", soa a falhado... E além disso, odeio ter de reconhecer que não há luta que me possa valer em determinadas ocasiões, porque o desfecho será sempre o mesmo.

Com o passar dos anos, tenho vindo a encarar isso de outra forma... Desistir também pode ser um acto de inteligência em algumas situações. É conseguir perceber que há coisas na vida que estão fora do nosso controlo. Acima de tudo, acho que tenho cada vez mais um maior conhecimento de mim mesmo, do que me faz bem e do que me faz mal - e quando algo começa a fazer-me mal, soam os alarmes de "move on, dude".

A minha fase "fundo do poço" entre 2010 e 2012 foi má, mas trouxe boas lições. Entre outras coisas, ensinou-me a desprender-me. Ensinou-me a discernir quando é que devo pôr um travão a mim mesmo. Ensinou-me a ser capaz de fechar ciclos.

Ainda demoro a perceber os timings das coisas: nem sempre consigo fechar os ciclos nas alturas mais correctas. E também nem sempre consigo fazê-lo da melhor forma. Mas consigo, cada vez mais, obrigar-me a não ignorar a racionalidade.

Fechar um ciclo é sempre duro. Deixa sempre um amargo de boca. Deixa sempre aquela ténue ideia que poderia ter sido tudo diferente. Qual é a motivação, então? É pensar que nada acontece por acaso e que, se as coisas tiveram um desfecho negativo, é porque o futuro há-de reservar coisas melhores. É nisso que quero acreditar, é nisso que me forço a acreditar. Dizem que depois da tempestade, vem a bonança. E eu quero acreditar que depois das lágrimas, vêm os sorrisos. Há coisas que não são meant to be, e ter essa noção ajuda-me a ter a certeza que fechar o ciclo é a melhor solução.

Fim-de-semana emocionalmente complicado, mas que terminou com a certeza que este é o caminho certo.

A 15 de Novembro de 2011, no antigo blog, escrevi isto (noutro contexto, mas adequa-se): "Por muito que me doa, por muito que me custe, por muitas lágrimas que derrame... Desisto... Um homem tem que saber quando deve desistir... E desistir depois de tentar não é vergonha... Vergonha é a cobardia de desistir sem sequer tentar, sem sequer lutar... Cobardia é virar a cara à luta. E aí estou de consciência tranquila."

6 comentários:

  1. Caramba, que podia ter escrito tudo isto! O tempo ensina-nos tanto...é sem dúvida um sinal de inteligência, perceber quando já chega, quando já não se atingirá o objectivo.

    Estamos crescidos, ou quê? :)

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    1. Estamos crescidos, é verdade :)
      O tempo ensina-nos tudo... Quando somos miúdos, não temos maturidade suficiente para sabermos perceber quando parar, quando avançar, quando desistir, e queremos tudo para ontem... O tempo acaba por nos dar outras capacidades para encarar a vida :)

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  2. Todos os fins são dolorosos... Mas isso significa sempre um começo! ;) Força aí! Beijo

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  3. Grande verdade, também acredito muito nisto que escreveste! E acredito que tudo na vida tem uma razão de ser, nem que seja isso mesmo: para aprendermos e crescermos

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    1. Precisamente. Eu não acredito em acasos. Acho que tudo na vida tem um propósito, quanto mais não seja aprender a lição. Saímos sempre mais fortes de cada vivência.

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