Parte #1 aqui (clicar para abrir)
Continuação
Chego ao trabalho e começa o stress. Parece que não fui o
único a acordar menos bem e o mau feeling que reina naquele espaço sente-se à
distância. Café. Café era a minha salvação, isto devia tudo ser falta de
cafeína, penso para comigo. Mas nem o café me resolveu o problema. Nem a mim
nem a ninguém. A manhã estava a ser um bocado caótica e a confiança com que saí
de casa começou a desvanecer-se. O mau humor começou a infiltrar-se em mim
novamente, qual lobo mau. E eu hoje era uma presa fácil.
Procuro novamente uma palavra de conforto. “Preciso de ti”,
disse-lhe. Sabia que nas próximas horas não teria uma palavra de conforto.
Também ela estava a fazer aquilo que gosta. Mas procurava um conforto
telepático, talvez ela sentisse que eu precisava de um abraço e mo desse
telepaticamente. Talvez.
E as horas foram passando…
E a meio da tarde o meu sorriso voltou. É incrível, quando
gostamos de alguém, um simples “adoro-te” pode fazer milagres. Sentirmo-nos
gostados faz crescer a confiança e o ego de uma forma brutal. Sermos
importantes para alguém da mesma forma que essa pessoa é para nós sabe tão bem…
Vi o meu dia a melhorar de forma substancial. Sermos mimados
sabe tão bem como mimar. Adoro dar.
Mas também gosto de receber. Quem não gosta? Quem não gosta de se sentir
acarinhado, mimado? Todo o ser humano gosta e precisa de se sentir acarinhado.
Mesmo as pessoas aparentemente mais frias. Todos nós precisamos de carinho.
Quem não gosta de um bom abraço? O abraço é provavelmente a melhor manifestação
física de carinho. Um abraço sincero, genuíno, meigo…
Queria despachar-me do trabalho. Queria matar as saudades
dela. Queria aproveitar o dia especial. Mas eu já devia saber que quanto mais
pensamos e planeamos as coisas, mais depressa os planos saem furados… As
expectativas que gerei mentalmente para a noite, que iria fazer
esquecer a péssima manhã… Puff, evaporou-se tudo. “Estás chateado?”, perguntou
ela. Não. E fui sincero. Não estava chateado. Apenas triste. Triste porque o
dia era especial e tudo me correu mal, desde o minuto em que acordei… Triste
porque não tenho horários e ela tem turnos, o que às vezes complica a vontade
de termos mais tempo para nós. Triste porque o dia seguinte será ainda pior. Eu
terei uma despedida de solteiro e ela dois turnos consecutivos. Triste porque não
precisava de mais nada no mundo, apenas dela. Chateado não, apenas triste.
Já vou na terceira página de Word… Bem, afinal parece que
afinal até consegui escrever qualquer coisa, passado aquele bloqueio inicial.
Respiro fundo. Sinto-me mais leve agora. Se calhar já consigo dormir.
Não lho disse. Não queria fazê-lo naquele momento. Porque
apesar de sermos dois seres que se gostam, somos também duas pessoas distintas,
duas individualidades. E eu não quero que ela perca a individualidade dela.
Porque da mesma forma que amanhã eu vou para farra, ela também tem todo o
direito de o fazer. E eu não quis condicionar isso. Ela sentiu que algo se passava e eu não lhe disse o que era.
E o ambiente ficou estranho. Que raio, quando um gajo pensa que o dia não pode
piorar, eis que acontece algo que nos empurra um bocadinho mais para baixo.
Ela voltou. Ambiente ainda esquisito. E o que é que acontece
quando o ambiente está esquisito? Conversas de circunstância. Mas que raio se
passa connosco, pensei eu! E disse-lhe “vamos fazer reset a esta conversa”. E
fizemos. E voltei a sorrir. A noite desapareceu para mim, voltou o sol, o calor. A
sensação de bem-estar. Que desapareceu, vencida pelo sono dela.
E a noite voltou para mim. São agora 4 da madrugada… Sentado
na sala, em frente ao pc, com um copo já meio vazio ao lado. Meio vazio.
Inversamente proporcional ao cinzeiro. Esse já está a abarrotar. Hoje fumei
mais do que devia. Respondendo à pergunta que fiz a mim próprio esta manhã,
sim, hoje saiu-me tudo ao contrário.
Sem comentários:
Enviar um comentário