sexta-feira, 24 de abril de 2015

Um dia daqueles #2

Texto escrito a 30 de Junho de 2012, que me apeteceu partilhar no blog
Parte #1 aqui (clicar para abrir)

Continuação

Chego ao trabalho e começa o stress. Parece que não fui o único a acordar menos bem e o mau feeling que reina naquele espaço sente-se à distância. Café. Café era a minha salvação, isto devia tudo ser falta de cafeína, penso para comigo. Mas nem o café me resolveu o problema. Nem a mim nem a ninguém. A manhã estava a ser um bocado caótica e a confiança com que saí de casa começou a desvanecer-se. O mau humor começou a infiltrar-se em mim novamente, qual lobo mau. E eu hoje era uma presa fácil.

Procuro novamente uma palavra de conforto. “Preciso de ti”, disse-lhe. Sabia que nas próximas horas não teria uma palavra de conforto. Também ela estava a fazer aquilo que gosta. Mas procurava um conforto telepático, talvez ela sentisse que eu precisava de um abraço e mo desse telepaticamente. Talvez.

E as horas foram passando…

E a meio da tarde o meu sorriso voltou. É incrível, quando gostamos de alguém, um simples “adoro-te” pode fazer milagres. Sentirmo-nos gostados faz crescer a confiança e o ego de uma forma brutal. Sermos importantes para alguém da mesma forma que essa pessoa é para nós sabe tão bem…

Vi o meu dia a melhorar de forma substancial. Sermos mimados sabe tão bem como mimar. Adoro dar. Mas também gosto de receber. Quem não gosta? Quem não gosta de se sentir acarinhado, mimado? Todo o ser humano gosta e precisa de se sentir acarinhado. Mesmo as pessoas aparentemente mais frias. Todos nós precisamos de carinho. Quem não gosta de um bom abraço? O abraço é provavelmente a melhor manifestação física de carinho. Um abraço sincero, genuíno, meigo…

Queria despachar-me do trabalho. Queria matar as saudades dela. Queria aproveitar o dia especial. Mas eu já devia saber que quanto mais pensamos e planeamos as coisas, mais depressa os planos saem furados… As expectativas que gerei mentalmente para a noite, que iria fazer esquecer a péssima manhã… Puff, evaporou-se tudo. “Estás chateado?”, perguntou ela. Não. E fui sincero. Não estava chateado. Apenas triste. Triste porque o dia era especial e tudo me correu mal, desde o minuto em que acordei… Triste porque não tenho horários e ela tem turnos, o que às vezes complica a vontade de termos mais tempo para nós. Triste porque o dia seguinte será ainda pior. Eu terei uma despedida de solteiro e ela dois turnos consecutivos. Triste porque não precisava de mais nada no mundo, apenas dela. Chateado não, apenas triste.

Não lho disse. Não queria fazê-lo naquele momento. Porque apesar de sermos dois seres que se gostam, somos também duas pessoas distintas, duas individualidades. E eu não quero que ela perca a individualidade dela. Porque da mesma forma que amanhã eu vou para farra, ela também tem todo o direito de o fazer. E eu não quis condicionar isso. Ela sentiu que algo se passava e eu não lhe disse o que era. E o ambiente ficou estranho. Que raio, quando um gajo pensa que o dia não pode piorar, eis que acontece algo que nos empurra um bocadinho mais para baixo.

Ela voltou. Ambiente ainda esquisito. E o que é que acontece quando o ambiente está esquisito? Conversas de circunstância. Mas que raio se passa connosco, pensei eu! E disse-lhe “vamos fazer reset a esta conversa”. E fizemos. E voltei a sorrir. A noite desapareceu para mim, voltou o sol, o calor. A sensação de bem-estar. Que desapareceu, vencida pelo sono dela.

E a noite voltou para mim. São agora 4 da madrugada… Sentado na sala, em frente ao pc, com um copo já meio vazio ao lado. Meio vazio. Inversamente proporcional ao cinzeiro. Esse já está a abarrotar. Hoje fumei mais do que devia. Respondendo à pergunta que fiz a mim próprio esta manhã, sim, hoje saiu-me tudo ao contrário.

Já vou na terceira página de Word… Bem, afinal parece que afinal até consegui escrever qualquer coisa, passado aquele bloqueio inicial. Respiro fundo. Sinto-me mais leve agora. Se calhar já consigo dormir.

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