quarta-feira, 9 de julho de 2014

Há dias em que as saudades de casa são quase insuportáveis...

Estar longe é uma merda quando precisas de um abraço das pessoas que mais amas.
Estar longe é uma merda quando vês os teus sobrinhos a crescer e não estás lá para os acompanhar.
Estar longe é uma merda quando sentes saudades dos teus sítios, dos teus recantos.
Estar longe é uma merda quando não estás onde queres estar, com as pessoas com quem queres estar.
Estar longe é uma merda. Ponto.

A distância é uma merda que me condiciona a vida. Desde os mais pequenos pormenores até às coisas mais importantes. Eu sei que a distância é mais facilmente colmatada do que há 50 anos atrás. Hoje temos os telemóveis, com comunicações grátis. Hoje temos a Internet. Hoje só perdemos contacto com as pessoas se quisermos, porque as tecnologias permitem que a distância seja minimizada. Mas o que é que fazes quando passas mais de meia dúzia de anos no mesmo sítio, um sítio que não é o teu, a ver as mesmas caras e longe daquelas pessoas por quem davas a vida?

Eu não me esqueço, nunca, do propósito que me mantém aqui. É esse propósito que me dá alento nestes dias difíceis: saber que estou a ajudar os meus pais, saber que estou a retribuir-lhes tudo o que já fizeram por mim, saber que a minha ajuda permite que nada lhes falte. Eu viro o mundo do avesso por aqueles que amo. E virei o meu mundo do avesso quando entrei nesta aventura, que me ia permitir um nível de vida capaz de me sustentar e capaz de reerguer as coisas lá em casa. Passaram-se tempos difíceis lá em casa... E foi aí que eu meti mãos à obra. Foi aí que deixei de estudar e me fiz à vida, por mim e pelos meus. Virei o meu mundo do avesso, deixando para trás os amigos, a família e a namorada da altura (que foi uma grande mulher, que me deu todo o apoio). Virei o meu mundo do avesso, deixando para trás a minha cidade e os meus sonhos. Não me arrependo nem um milímetro da decisão que tomei. Se tenho a vida estagnada em alguns aspectos? Tenho, isso não posso negar... Mas no que depender de mim, a minha família não voltará a passar pelo aperto que passou...

Só que há dias em que esta distância me consome. Mata-me. Esta distância faz-me perder os momentos mais importantes das pessoas que amo. Fez-me perder a primeira vez que aquela namorada trajou, fez-me perder o nascimento e o crescimento dos meus dois sobrinhos, fez-me perder o atingir da maioridade do meu irmão mais novo, fez-me perder casamentos de pessoas que adoro, fez-me perder estar ao lado das minhas pessoas nos momentos difíceis e de dor, fez-me perder relações, e tantas outras coisas. Já perdi demais... 

E sei que vou continuar a perder... Vou continuar a perder os momentos importantes. Vou continuar a ter de abdicar de muita coisa. E também de relações... Porque isto das relações é para mim um pau de dois bicos. Não quero ficar aqui o resto da vida (porque não quero mesmo!), portanto se me apaixono por alguém daqui tenho um problema... Ou bem que perco mais uma relação pela merda da distância quando voltar para casa, ou bem que sujeito alguém a mudar de vida (coisa a que eu nunca quis sujeitar ninguém, prefiro ser eu a mudar porque ainda vou tendo alguma capacidade de adaptação). Por outro lado, se me apaixono por alguém que está a muitos quilómetros de distância (que foi o que aconteceu sempre desde que vim para cá), a distância impede-me de lutar com todas as armas que tenho. Não nos iludamos, as pessoas querem facilidades. Hoje em dia isso do amor é uma coisa quase descartável. E as pessoas descartam com uma facilidade impressionante aquilo que lhes dá mais trabalho. Nesta sociedade em que as coisas são cada vez mais imediatas, ninguém está disposto a esperar, a investir o seu tempo em algo que não é para ontem. Hoje em dia, é quase tudo tão fácil que parece que já ninguém sabe o que é encarar algo difícil. Azar o meu, que sempre escolhi (ainda que inconscientemente) os caminhos difíceis.

Só que já não me iludo. Talvez por estar demasiado descrente no amor. Mas já não me iludo. Deixei de acreditar que consigo lutar com as armas que a distância permite, tive a prova disso quando tentei dar um último fôlego à minha última relação, há uns meses atrás. A distância não permite que se lute, que se conquiste, que se seduza. Durante muito tempo acreditei "no Pai Natal", acreditei que a pessoa que sou tem valor suficiente para que quem se apaixone por mim queira lutar para ficar comigo. Mas dou demasiado trabalho dadas as circunstâncias...

Não me arrependo de tudo o que tenho feito pelos meus pais. Nunca me arrependerei. E se pudesse, mais faria! Enquanto não tenho filhos, o único amor incondicional que tenho são os meus pais. E por eles faço tudo. Mas que há dias em que me sinto consumido por tudo isto, lá isso há...


É, ando meio introspectivo... Há dias assim...

16 comentários:

  1. Até que enfim, um tema sobre o qual, eu posso aconselhar. Pode parecer que não, mas passei 1 terço da minha vida fora de casa. Portanto, formas de sobreviver à dor:

    1º) Sexo - é muito importante - poderás dizer, "Ah e tal, o sexo não resolve tudo". Não, é certo que não, mas distrai imenso.

    2º) Sexo - podes dizer, "Ah e tal, o sexo não substitui o exercício físico e tal". Não, mas estar a correr numa cidade estranha e não na nossa terra natal, ou num ginásio cheio de hermafroditas estrangeiros, também não é solução.

    3º) Sexo - podes dizer, "Ah e tal, o sexo também farta...". Wow...!!!!!!!!!! Um homem não diz isso Roger! Um homem até pode pensar isso, mas nunca o diz. :/

    Resumindo: alimentação saudável, amigos e abrir um blogue é meio caminho andado. Foi o que disse, certo?

    ;)

    Aquele abraço, Meu Caro!

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    1. Agradeço o conselho, meu caro, mas nesta fase da minha vida não faz a minha onda. Aliás, a bem dizer, sexo per si nunca foi a minha onda. Tive uma fase da minha vida em que pensei que essa era a cura para mim, mas enganei-me: fez-me sentir mais vazio do que já estava. E acabei por chegar à conclusão que não preciso de one night stands para me subir a auto-estima, até porque essa sensação só dura até ao dia seguinte...

      Quanto aos restantes conselhos... Aí já concordo :P
      Alimentação saudável, tem-se vindo a fazer por isso. Amigos, sempre! E o blog é o escape de há uns anos a esta parte ;)

      Grande abraço

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  2. Queres ver que vou mandar charters de fotos e souvenirs de Coimbra?!?!? :P Há dias assim... Eu sou tão saudosista que me revejo muito nas palavras. Mas tens duas hipóteses: Ou te acomodas à saudade e à dor de estar longe, sobrevives com toda a certeza; Ou metes mãos à obra e tentas cá vir rapidinho e baratinho :P Senão vamos para o plano de emergência, mandar mesmo os charters ahahah Beijinho Roger

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    1. Ahahah o Futre é um visionário, charters é que é :P
      A vida é um bocado mais complexa do que isso. Mas vai-se vivendo... Apenas há dias melhores que outros ;)
      Beijinho

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  3. Nesta primeira visita a este blog queria apenas dizer que adorei; identifico-me com muito do que aqui li.
    E quanto às dificuldades - falando enquanto pessoa que transpôs verdadeiras montanhas para estar com quem estou - só vale a pena ter alguém disposta a enfrenta-las. Porque enquanto passamos por elas é MUITO difícil mas depois de as ultrapassar os laços só ficam fortalecidos.
    Desejo que este dia esteja a terminarmelhor do que começou. :)

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    1. É isso que também espero para mim: alguém que se disponha a enfrentar as dificuldades. Mas ando tão desiludido que já não espero muito isso... As pessoas querem tudo para ontem, já ninguém sabe o que é esperar... Não julgo ninguém, eu sei que a minha situação é algo complexa. Mas também em tempos julguei que tenho valor suficiente para que quem goste de mim queira lutar e esperar por mim...

      Obrigado :)

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  4. Tenho uma palavra para ti: caipirinhas :P
    Vá,anima-te :)

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  5. Acho muito bonito o gesto que fazes pelos teus pais e demais família! Não desanimes um dia vais dizer que tudo valeu a pena! Pensamento positivo por agora :)
    Quanto ás relações á distância, se vires o meu blog, irás perceber porque compreendo a tua situação, eu própria tive uma relação à distância antes de dar-mos o passo final que era uma vida a 2(eu é que tive que mudar e sim percebo o que queres dizer se te apaixonasses por alguém em que algum tivesse que escolher) e sei bem o que custou. Relações à distância não são para qualquer um, é preciso muito tempo, disponibilidade e atenção! O medo é sempre aquele de cair na rotina e numa relação à distância há que saber lutar contra isso. Costumo dizer que é como uma doença que mata bem devagarinho.
    Percebo que isto tudo te magoe, mas tu és melhor que isso e vais conseguir ultrapassar, ai de ti se pensares o contrário!
    Força, torço por ti! Beijinhos

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    1. Já vale a pena, sabes... Ajudar os meus pais foi a melhor decisão que tomei na vida, mesmo com tudo o que traz "por arrasto".
      Quanto às relações à distância, é isso mesmo: nem toda a gente consegue. Não julgo ninguém, mas começo a sentir-me condenado ao fracasso nesse campo...
      Enfim, a vida o dirá...
      Obrigado :)
      Beijinho

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    2. É sempre uma boa decisão! Nessa parte não podes desanimar, há coisas que vêm por bem e embora tenhas te prejudicado e etc, foi uma boa decisão mesmo com tudo o que aconteceu acredita!
      Não te sintas condenado senão vou ter que me chatear, o amor é mesmo assim complicado mas com alguma esperança(sim porque somos do SCP) eu acredito que irá te encontrar, afinal todos merecemos ser felizes! Lembra-te....''difficult roads often lead to beautiful destinations''(meti em inglês porque em português ficava meio parvo xD)
      Beijinhos e qualquer coisa podes contar comigo ;)

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    3. Ando meio descrente, mas isto há-de passar :P
      Obrigado :)
      Beijinho

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  6. Não sei o que te dizer Rogerzito...Há momentos assim de tristeza e desespero, mas vai passar, vais ver. Amanhã já vais conseguir dar mais valor aos lados mais positivos e menos aos negativos...há dias assim. Eu até te oferecia o meu colinho...o que me aborrece é que tu precisas é de um abraço apertado a sério:)

    Jinhoooooooossssss...e um abraço, apertado.

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    1. São dias, Surizinha...
      São dias em que me sinto consumido com algumas coisas...
      Mas passa :)

      Obrigado :)
      Beijinho grande e abraço maior :)

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  7. Entendo-te bem porque atravessei há poucos dias a pior fase da minha vida. Estive ausente do blogue e dos blogues, para orientar a minha vida e organizar ideias.
    Houve uma grande reviravolta na minha vida e de uma história de sonho e de um amor que me fez mudar de cidade, sobra agora o tempo que tenho numa casa nova em que estou sozinha. Família longe e algumas noites de choro.
    Tudo porque acredito no amor e prefiro virar costas à sua ausência. O amor verdadeiro é assim mesmo, fodido. E ao mesmo tempo há o reverso da medalha...quem te amar pelo que és, virará o mundo ao contrário, mesmo que metade de nós já nem acredite.
    A família, essa, será sem dúvida o teu suporte e o teu amor incondicional (foi pelos meus pais que tatuei as minhas estrelinhas)...e há tanta gente que já nem isso tem.
    Por isso, viva a ti e à tua força :)))
    E nós, estaremos deste lado!

    beijinho,
    http://www.saladosilenciocorderosa.blogspot.pt

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    1. Obrigado, antes de mais, pela partilha da tua história. Muita força e coragem nessa luta!
      Quanto a mim... Olha, são dias assim... São dias difíceis... Acontece... Mas passa :)
      Obrigado :)
      Beijinho

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