Este post surge a propósito da resposta que dei à Teresa Pestana na caixa de comentários deste texto (clicar para abrir).
Ao longo da minha vida, nem sempre soube o que queria. Mas soube sempre o que não queria. Na minha vida amorosa, a partir de determinada altura, comecei a entender o que queria.
Já houve quem preferisse tentar virar o jogo, dizendo-se sombra do meu passado. Não, não há cá sombras nenhumas, nunca ninguém viveu na sombra de ninguém. O que se passa é mais profundo do que isso e não tem a ver com mais ninguém para além de mim. E eu vou explicar porquê.
Já disse aqui inúmeras vezes, porque assumo sem medos quem sou e quem já fui, que em tempos fui muito instável emocionalmente. Era um puto, não sabia bem o que queria, e nas minhas relações amorosas perdia o interesse com relativa facilidade. Porque sempre precisei de me sentir estimulado, quer intelectualmente quer emocionalmente. Quando esse estímulo se perdia, eu perdia o interesse. Não me orgulho da instabilidade emocional que em tempos pautou a minha vida, mas também não escondo o que já fui. Um dia, tudo mudou. Foi quando tive a relação mais duradoura até hoje: mais de 2 anos. Foi uma relação diferente, em tudo, do que eu já alguma vez tinha tido. Se me perguntarem qual é o top 5 das coisas mais marcantes da minha vida, essa relação é uma delas. Porque mudou muita coisa na minha vida.
Já falei sobre essa relação aqui no blog algumas vezes, por isso não me vou alongar muito. Vou apenas dizer que foi aí que senti, pela primeira vez, o que é isso do amor. E isso fez com que tudo fosse diferente. O rapaz outrora instável deu lugar a alguém que durante aqueles 2 anos se sentiu absolutamente completo. Não perdi o interesse, nunca "olhei" (quer no sentido carnal, quer no sentido emocional) para nenhuma outra mulher, foi a primeira vez que estive a 100% numa relação. Esse namoro marca claramente a minha transição de adolescente para adulto. E porque é que foi tão especial? Isso deveu-se a alguns factores. Porque antes do namoro já havia uma amizade forte, cimentada, sólida, um conhecimento mútuo gigantesco. Porque éramos muito parecidos. Porque havia uma vontade mútua de sabermos lidar com a bagagem um do outro (essa pessoa foi a única que conseguiu pôr-me a desabafar, sem filtros, sobre o que a perda do meu filho significava para mim, foi a única pessoa que não desistiu de entrar nessa minha concha).
Essa relação fez-me perceber várias coisas. Porque nesse namoro senti-me verdadeiramente completo. E fez-me perceber o que é que é preciso para eu me sentir 100% feliz e 100% completo numa relação. Essa coisa dos opostos se atraírem é muito bonita, e verdadeira em parte: os opostos podem atrair-se, de facto, mas dificilmente dão certo. Pelo menos comigo. Eu percebi que preciso ao meu lado de uma mulher que tenha uma personalidade parecida com a minha, uma maneira de ver o mundo parecida com a minha, uma maneira de sentir parecida com a minha. Preciso de me sentir compreendido e preciso de sentir que compreendo a pessoa que está comigo. Preciso de sentir que a mulher que está comigo sabe lidar com a minha bagagem, ou que pelo menos não vai desistir de aprender a lidar com ela. Preciso de sentir que a mulher que está comigo está disposta a abrir a sua concha e a deixar-me lidar com a sua bagagem. Preciso de uma relação descomplexada, sem tabus, onde não se adiam conversas, onde não se foge dos momentos menos bons, onde o diálogo é essencial. Preciso de sentir que pertenço ali, que aquele é o meu lugar. Preciso de sentir que posso falar sobre as minhas inseguranças sem ser atacado de seguida. Preciso de sentir que posso dizer "hoje não gostei desta atitude" sem que isso dê lugar a uma discussão em vez de dar lugar a uma conversa franca e descomplexada. Preciso que haja cumplicidade, sintonia, uma união perfeita entre dois corpos e duas mentes. Preciso que, para além do amor, exista amizade, química, paixão, tesão, desejo, carinho. Preciso que os corpos se procurem magneticamente, como dois ímanes, mas que também ambos os corações e ambas as mentes estejam em harmonia, em sintonia. Preciso de uma relação onde ambas as partes estão focadas em levar o barco para a frente.
Durante muito tempo eu não soube o que queria, hoje em dia sei o que quero. Sei o que me faz feliz. Sei o que é que procuro numa mulher. Não ando à procura de sombras nem de substitutas de ninguém, ao contrário do que já me acusaram. Trata-se de eu já ter percebido qual é a chave para a minha felicidade. Tal como está escrito no post anterior, eu acredito que "(...) se realmente
fores digna, se realmente fores a metade certa, não desistirás (...)". A pessoa certa para mim não vai desistir de restaurar o meu coração, a pessoa certa para mim vai querer saber lidar com a minha bagagem.
Estar sozinho (no sentido amoroso e romântico) não me assusta actualmente. Há pessoas (assim de repente lembro-me de umas quantas) que não sabem estar sozinhas, que são do género "rei morto, rei posto", que nem sabem o que é isso de fazer o luto de uma relação, que só sabem esquecer alguém com outro alguém. Eu tenho aprendido a fazê-lo. Eu tenho aprendido que atirar-me de cabeça não resulta, porque é apenas fruto de um impulso. Eu tenho aprendido que deixar-me levar pela carência não me vai fazer feliz. Eu tenho aprendido que também eu quero ser digno da "the one", quero ter uma história da qual eu me possa orgulhar e da qual ela possa vir a orgulhar-se de mim. Eu percebi que tipo de mulher quero para mim, só me falta encontrá-la.
As tuas palavras podiam ser minhas! Todas, sem excepção! :)
ResponderEliminarO teu GPS também anda avariado, é? :P
EliminarNão, neste momento está arrumado ;) Não quero ligá-lo já... até porque acho que lhe está avariado! ahahah
EliminarAhahah às vezes também é preciso arrumar e dar-lhe algum descanso :P
EliminarUiiiiiiiiiiii o que este post faz sentido para mim, nesta fase. E mais não digo...suspiro apenas!
ResponderEliminar:/ são fases... Tudo há-de passar e melhorar :)
EliminarEu já me atirei para relações de forma impulsiva e não deram certo. Agora estou sozinha e a (tentar) lidar com esse facto. É bonito dizer-se que se está bem sozinho (e muitas vezes é mesmo essa a realidade), mas há dias em que nos apetece partilhar o dia com alguém, nos apetece um carinho e repensamos o "estar sozinho". E à medida que a idade avança (e com todos os amigos a casar, ter filhos, viver junto...), é difícil não pensar no futuro e desanimar. Achar que nunca vamos encontrar a "tal" pessoa.
ResponderEliminarEntendo-te perfeitamente. Eu também tenho momentos de carência, todos temos. Para mim pessoalmente, a coisa complica-se à noite, quando estou relaxado e desocupado, e aí quebro. Mas sabes o que te digo? A carência é lixada precisamente porque acabamos por nos atirar para relações de forma impulsiva, sem conhecermos bem as pessoas, sem haver uma amizade já bastante sólida, sem ter a certeza que aquilo é certo e a sério... Olhando para trás, vejo que fiz isso mais vezes do que seria desejável, precisamente por estar carente. Por isso é que desta vez vou encarar as coisas de outra forma. Curtir a "solteirice", que também tem coisas boas; não forçar nada nem me deixar dominar pela carência; e esperar pela pessoa certa :)
EliminarUau graças ao meu comentário recebi um post completo :P
ResponderEliminarConcordo com tudo o que escreveste, eu própria já estive na tua situação(ou apaixonava-me repentinamente ou perdia o interesse, etc) e realmente tudo mudou quando aprendi a estar sozinha, e quando isso aconteceu tudo mudou. É por isso que hoje estou com alguém que realmente amo e me ama e não estar com alguém por estar.
Beijinhos e espero do fundo do coração que encontres alguém que possa mudar a condição de solteiro a valer ;)
É isso mesmo. Também é importante sabermos estar sozinhos. No meu caso, acho que fiz as asneiras todas que tinha a fazer na idade certa, ou seja, a imaturidade emocional que em tempos tive foi na idade em que também não se espera grande maturidade. Acho que tudo na vida tem uma altura própria, e apesar de não me orgulhar dessa instabilidade, prefiro ter passado por ela na altura em que passei do que fazê-lo agora nos late 20's.
EliminarObrigado, também espero encontrar essa mulher :)
Beijinho
Sim todos temos uma altura para fazer asneiras isso não há dúvida nenhuma :) é por essa mesma razão que sabemos dar valor ao que é importante no que toca a relações pois já há maturidade suficiente para suportar uma relação. Beijinhos*
EliminarPrecisamente :)
EliminarBeijinho
É o nosso passado que nos faz chegar ao presente!! A "tal" anda aí e quando se encontrarem serão imensamente felizes miúdo :p
ResponderEliminarOs GPS não devem andar a funcionar muito bem, pá :P
EliminarEu sei que "a tal" anda aí, só não sei onde :P